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CONFRONTO
Policiais britânicos reprimem ativistas que esperam pela liberdade
de Assange (abaixo) em frente à Embaixada do Equador em Londres

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Amadrugada da quinta-feira 16 foi intensa para os ativistas da ONG WikiLeaks. Enquanto 20 apoiadores permaneceram na frente da Embaixada do Equador em Londres na expectativa de que oficiais britânicos invadissem o prédio a qualquer momento, milhares de seguidores acompanhavam a situação por meio das redes sociais, numa espécie de vigília virtual. Há oito semanas, Julian Assange, fundador do WikiLeaks, está refugiado no local. Quando a manhã chegou, o anúncio oficial deixou todos em polvorosa: Quito aceitou dar asilo político ao ativista australiano. Acusado de estupro e agressão sexual por duas mulheres suecas, Assange seria imediatamente extraditado à Suécia para responder o caso na Justiça, se tivesse sido entregue às autoridades britânicas. Mas seu maior temor era, da Suécia, ser enviado aos Estados Unidos, onde acredita que será condenado à morte pela divulgação de documentos secretos em 2010.

Como a concessão do asilo não seria suficiente para a livre passagem de Assange até a América do Sul (seria preciso ainda um salvo-conduto do governo britânico), Londres se tornou o centro de uma cisão diplomática. O chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, já tinha mandado o recado. “A entrada não autorizada na embaixada seria uma violação flagrante da Convenção de Viena (de 1961)”, disse Patiño. “O Reino Unido não reconhece o princípio de asilo diplomático”, afirmou William Hague, secretário de Assuntos Exteriores. O episódio pode abrir precedentes embaraçosos para Londres. Revogar arbitrariamente a imunidade diplomática colocaria em risco o trabalho de seus próprios diplomatas em território estrangeiro, mas permitir que um fugitivo permaneça impune dentro de uma embaixada, em oposição a um pedido de prisão europeu, também não seria boa alternativa. Pelo Twitter, o WikiLeaks informou que Assange irá apelar para a Corte Internacional de Justiça.