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Culturas de fungos Aspergillus, eficientes mineradores de ouro

Cavar buracos profundos, enfiar homens e ferramentas neles e torcer para que não ocorra um desastre. Desde que o homem descobriu que caminha sobre minérios valiosos, essa tem sido a tradicional e perigosa forma de trazê-los à superfície. Desabamentos e soterramentos são um efeito colateral da técnica. Mas a ciência trabalha para pôr fim às cenas dos resgates dramáticos de mineiros humanos. Eles serão substituídos por micro-organismos. Isso é o que promete a biomineração, técnica que se aproveita da atividade metabólica de bactérias e fungos para coletar metais.

As bactérias usam minerais como fonte de energia. Elas consomem sulfetos das rochas e produzem ácido sulfúrico, que torna os minérios solúveis (leia quadro abaixo). Traduzindo: essas operárias invisíveis “comem” pedra e liberam os metais naturalmente. Para ativar o processo, é preciso irrigar os minérios extraídos das rochas com água e sais, para estimular a proliferação dos micro-organismos que já existem no ambiente.

Em seu laboratório, Denise Bevilaqua, professora do Instituto de Química da Unesp de Araraquara, pesquisa o uso da bactéria Acidithiobacillus ferrooxidans na extração de cobre a partir de um mineral chamado calcopirita. Esse é o minério de cobre mais abundante, mas também é mais resistente à ação bacteriana. “Nosso desafio é descobrir o motivo para aumentar a produção”, diz a pesquisadora. Melhorar a eficiência do processo abre caminho para um mercado promissor. No Chile, maior produtor mundial de cobre e país onde a tecnologia está mais avançada, cerca de 20% do metal já é extraído por biomineração.

No Brasil, a tecnologia mais usada atualmente na extração de cobre é a “pirometalurgia”, ou seja, a queima do minério. O problema é que esse processo é caro e emite gases poluentes, como o monóxido de carbono. Melhor apostar nas bactérias operárias, que fazem bem ao bolso dos empreendedores sem causar danos ao ambiente.

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