17/08/2012 - 21:00
Na sala principal da Zipper Galeria percebe-se, em meio à escuridão a qual foi confinada, a projeção de um objeto em 3D. À medida que o visitante se movimenta, o objeto se modifica como se fosse uma criatura viva, disforme e desconhecida. Mesmo depois que o visitante interrompe o movimento, o objeto continua a se modificar ganhando formatos diferentes. Agora é a vez do som – captado por sensores de volume e frequência – que interferem nesta instalação, ou melhor, nesta situação abstrata e estranha que é parte da série multimídia “Mindscapes”, na qual o artista uruguaio, radicado em São Paulo, Fernando Velázquez trabalha desde 2010.
A instalação é uma metáfora e não possui título. “Mindscapes” significa algo próximo de “paisagens da mente”. O espaço da galeria foi, portanto, transformado em uma caixa mental. Autor também da trilha sonora, o artista optou por envolver o espaço em penumbra para favorecer um clima de imersão, similar àquele que experimentamos quando fechamos os olhos e tentamos imaginar algo ou quando buscamos lembranças na nossa memória. “Quero tentar reconstruir como experimentamos processos mentais em diferentes formas de espaço-tempo. Quero discutir a imagem mental não como algo definido, mas como um mapa que está em eterna construção”, diz Fernando Valázquez.
Já em “Sem título”, outro trabalho da mesma série, o artista espalhou dez luminosos em neon com a palavra “saudade” (foto) em outro ambiente escurecido da galeria. Os letreiros podem ter a intensidade de seu brilho manipulado pelo público por meio de um interruptor. “A palavra saudade é algo de difícil tradução e remete à questão da memória, que é algo que estamos reinventando o tempo todo. Uma lembrança nunca é recordada da mesma maneira”, comenta Velázquez, que trabalhou a série “Mindscapes” em suportes diferentes para enfatizar as temporalidades distintas que experimentamos diariamente quando variamos os diferentes níveis de consciência, como a memória e a imaginação. No sábado 25, a série se completará quando o artista realizar uma performance manipulando em tempo real os algoritmos da instalação que geram o objeto interativo em 3D.
