Férias! Nada melhor do que fechar as malas, passar tudo o que estiver
na geladeira para o freezer e pedir para alguém molhar as plantas.
Ou, simplesmente, tomar um chá de sumiço e escapulir para a praia. Afinal, ninguém é de ferro. Sombra e água fresca são direitos do
homem, previstos na Constituição e nos dez mandamentos. Exageros
à parte, quem resiste a um dia de luz, a uma festa de sol? A uma terra
de samba e pandeiro? Com a cotação do dólar acima dos R$ 3,50, mais uma vez o destino dos brasileiros será seu próprio país. Difícil será escolher, entre tantos lugares, onde amarrar a rede no verão.

Com 17 Estados de frente para o mar, o Brasil tem invejáveis oito mil quilômetros de costa, distribuídos em praias urbanizadas e selvagens. Brancas, amarelas, com areia fina ou cheias de pedras. De águas
calmas ou ideais para o surfe. Algumas, dominadas por turmas de
amigos. Outras, perfeitas para casais ou para crianças. Para ajudar
na árdua tarefa da escolha, ISTOÉ estabeleceu cinco perfis de turistas
e pediu a 12 especialistas que elegessem os melhores lugares
do litoral brasileiro. Foram escolhidos os destinos ideais para
aventureiros, viajantes alternativos que não fazem questão de
infra-estrutura, românticos, baladeiros e, claro, para toda a família.
As campeãs estão representadas nas próximas páginas.

Para responder à pesquisa, cada entrevistado teve de consultar o diário de bordo e o álbum de fotografias da memória. Todo mundo se atrapalha na hora de eleger a melhor viagem. Nossos entrevistados não fugiram à regra. Depois de colocar na balança os prós e os contras de cada lugar visitado, eles citaram 32 destinos, do Pará a Santa Catarina, todos acompanhados de mil justificativas. “A Praia da Pipa, no Rio Grande do Norte, é o lugar mais romântico do Brasil. Lembra Búzios dos anos 60 e tem a melhor gastronomia do Nordeste”, elogiou Caio Luiz de Carvalho, ministro do Esporte e Turismo. “Nenhum lugar é tão agitado quanto Porto Seguro, na Bahia. Da Passarela do Álcool às boates, há programas para todas as idades e bolsos”, paparicou Tasso Gadzanis, presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav).

Praia da Pipa e Porto Seguro, no entanto, não foram maioria entre os entrevistados. Para os casais apaixonados, a campeã foi Paraty, no Rio de Janeiro. “O casario colonial e o chão de pé-de-moleque são tombados. É proibido trafegar de carro pelo centro histórico, o que torna a cidade silenciosa”, diz Alê Marques, apresentadora do programa O Brasil é Aqui, do GNT. Quem procura badalação encontrará em Florianópolis, em Santa Catarina, e Trancoso, na Bahia. A primeira tem praias disputadas por surfistas, como a Mole, e ótimos bares na Lagoa da Conceição. Trancoso é um antigo reduto hippie na Costa do Descobrimento, que, no fim dos anos 90, atraiu legiões de jovens descolados e suas raves.

Para ir com a família, o resort Costão do Santinho, também em Florianópolis, foi o mais indicado. O complexo reúne spa, piscinas, sala de ginástica, cinema e uma maratona de atividades para a criançada. Os resorts são a grande aposta do setor para vender o Brasil no Exterior. Incentivados pelos empresários do ramo, eles pipocam nos quatro cantos do País e atraem legiões de turistas endinheirados que não abrem mão de conforto. Seu único obstáculo é o preço, que os torna muitas vezes proibitivos. “O brasileiro gosta de viajar pelo Brasil. O que atrapalha é a mania que os hotéis têm de multiplicar o preço por cinco”, reclama Marcio Moraes, apresentador do Companhia de Viagem, da RedeTV!, e dono de 12 passaportes lotados. “A política é errada. Eles deviam aproveitar para, em vez de meter a faca no hóspede, popularizar o turismo interno”, diz.

Apesar de as operadoras de turismo terem reajustado em cerca de
10% os preços do último verão, estima-se um crescimento de 15%
a 20% na venda de pacotes. “Com o dólar a R$ 3,50, ninguém viaja
para fora. O crescimento só não é maior por causa das tarifas aéreas. Como o leasing das aeronaves é dolarizado e o combustível dobrou de preço, as passagens aumentaram 60% no último ano”, explica Rodolpho Gerstner, presidente da Associação Brasileira das Operadoras de
Turismo (Braztoa). “Quem quiser viajar deve comprar pacote em vez
de adquirir bilhetes no balcão e fazer a reserva diretamente nos hotéis. As agências trabalham com tarifas promocionais e a viagem sai bem
mais em conta”, observa o ministro Caio Luiz de Carvalho.

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De todos os pacotes, os mais concorridos são os roteiros ecológicos e os que permitem a prática de esportes de aventura – como trekking, rapel, canyoning, rafting e escalada. “Nosso potencial é maior do que o da Austrália ou da Nova Zelândia, países consagrados pela prática dos esportes ligados à natureza”, confia Sérgio Bernardi, organizador da Adventure Sports Fair, a maior feira do ramo na América Latina. Enquanto o Delta do Parnaíba, na divisa entre Piauí e Maranhão, integra a lista dos melhores destinos de turismo alternativo, a festejada Itacaré, na Bahia, venceu no quesito aventura e garantiu seu lugar na comissão de frente dos cardápios de ecoturismo. “A praia é cercada por Mata Atlântica e banhada pelo rio das Contas, com corredeiras. Na selva, dá para andar entre as copas das árvores em uma trilha suspensa”, elogia João Allievi, presidente do Instituto de Ecoturismo do Brasil (IEB).

Foi concedido um prêmio especial a Fernando de Noronha. O arquipélago pernambucano recebeu nada menos do que quatro votos, mas os jurados não conseguiram entrar em acordo. Foi indicado duas vezes como lugar romântico, uma vez como roteiro alternativo e uma vez como ideal para os praticantes de esportes de aventura. Aventura de verdade é acompanhar esta reportagem até o fim, deliciar-se com tanta
beleza e conseguir permanecer sentado. Boa viagem!


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