Um consórcio firmado entre União Européia, EUA, Japão, China e Coréia do Sul deu a largada para a construção do maior e mais imponente reator de fusão do mundo. Batizado de Iter, ele será erguido na cidade francesa de Caradache, custará 10 bilhões de euros e deverá entrar em funcionamento em 2016. O projeto é mais que ambicioso: o Iter reproduzirá na Terra algumas reações que ocorrem no interior do Sol e das estrelas e que liberam uma quantidade gigantesca de energia. Para simulá-las, os cientistas têm de aquecer hidrogênio no interior do reator a mais de 100 milhões de graus Celsius. Submetidos a essa temperatura, os átomos são forçados a se unir dois a dois dando origem a um novo elemento químico – o hélio. Quando isso ocorre, há a liberação de um nêutron radioativo e de uma assombrosa energia.

Existem no mundo 28 reatores desse tipo, mas apenas o Jet, situado em Oxfordshire, no Reino Unido, está em atividade permanente. Ele serviu de modelo para a construção do Iter, apesar de ter virado agora o seu filhote – o Iter é dez vezes maior e mais poderoso. Os átomos de hidrogênio que lhe servirão de combustível são obtidos a partir da água e, segundo Mathias Brix, físico britânico que trabalha no Jet, com metade da água de uma banheira daria para o novo reator suprir o consumo energético dos europeus durante três décadas.

Uma quantidade inferior a um grama de hidrogênio produz a mesma energia fabricada com 250 toneladas de urânio, como ocorre na usina de Chernobyl. A diferença é que o reator ucraniano partia átomos em vez de juntá-los, e, nesse processo, o risco de acidentes é muito maior – tanto que Chernobyl explodiu
há 20 anos e suas graves conseqüências ao homem e ao meio ambiente
são sentidas até hoje.

Com o processo de fusão esse perigo é praticamente nulo. “Ao menor sinal
de algo errado, o Iter corta o fornecimento de combustível e a reação é imediatamente interrompida”, diz Akko Mass, um dos responsáveis pelo projeto
do novo super-reator.

Os peritos garantem também que em menos de duas décadas será possível abandonar os métodos de geração de energia a partir do carvão e do gás natural, que tanto poluem o meio ambiente.

30 anos é o tempo que o reator leva produzindo energia
usando meia banheira de água como combustível