07/06/2006 - 10:00
Quem gosta de observar os pássaros assegura: poucos hobbies são tão relaxantes e contagiantes quanto esse. Deve ser. Em todo o mundo, 63 milhões de aficionados geram US$ 23 bilhões (R$ 52 bilhões) por ano em viagens, equipamentos, contratação de guias e de agências especializadas. “É igual colecionar figurinhas da Copa. Depois do início, ninguém consegue parar”, brinca Guto Carvalho, 43 anos, diretor publicitário e coordenador do Avistar, grupo que envolve uma rede de clubes responsável pelo primeiro grande encontro brasileiro do gênero, no Centro Universitário do Senac, em São Paulo. O programa de debates envolverá dezenas de atividades até 3 de julho, mas o que a Avistar pretende mesmo é conquistar adeptos para a prática, que encontra generosas possibilidades por aqui. O Brasil é o paraíso planetário para a observação. De acordo com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (relativos ao estudo dos pássaros), o País abriga 1.794 espécies, ou seja, 55% das 3.230 existentes na América do Sul.
E não são poucos os estrangeiros
que desembarcam aqui exclusivamente
para vê-las. Munidos de possantes
binóculos Leika de US$ 3 mil (R$ 6,8 mil), câmeras digitais e gravadores,
americanos, japoneses, alemães e
ingleses desembarcam no Pantanal,
na Amazônia e no Parque Nacional de
Foz de Iguaçu dispostos a compor suas life list. Isso mesmo, a lista de suas vidas, um registro pessoal de cada espécie avistada com fotografia, gravação do canto e uma ampla pesquisa sobre hábitos e fluxos migratórios da ave. Tudo é divulgado pela internet. A temperatura desta febre entre os brasileiros é um pouco menor. Há dez mil praticantes no País.
Iniciar-se na atividade é relativamente fácil. Até mesmo a selva de concreto da cidade de São Paulo exibe uma fartura de aves surpreendente. Em meio ao ruído dos carros e das árvores carregadas de poluição há 120 tipos. Entre eles uma população crescente de sabiás, periquitos e papagaios, concentrados em sua maioria na zona sul, além de falcões-peregrinos e gaviões. Muitas vezes, basta abrir a janela dos apartamentos para encontrá-los. Os que desejam evoluir um pouco mais devem procurar os clubes e participar das excursões nos fins de semana. As saídas são sempre às sexta-feiras à noite, para pontos próximos do litoral de São Paulo, como Barra do Sahy e Ubatuba. No sábado, deve-se acordar às 5h30 da manhã, pois quando o sol fica mais forte os pássaros somem. Evite roupas de cores agressivas, como amarelo e vermelho. Tons de verde, cinza e roupas camufladas são recomendáveis. E alguma paciência.