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O prefeito do Rio em Londres:
"Vai se intensificar a fiscalização com nosso trabalho"

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, desembarcou na manhã da sexta-feira 10 em Londres “ansioso, orgulhoso e emocionado”. No domingo, ele estaria no centro da cerimônia de encerramento da Olimpíada de 2012. Ao receber a bandeira olímpica das mãos do prefeito de Londres, Boris Johnson, diante de uma audiência de mais de um bilhão de pessoas, ele sabia que o mundo todo agora se volta para sua cidade e acompanhará cada passo da organização da Rio 2016. Seu primeiro compromisso na capital inglesa foi receber ISTOÉ para uma entrevista, em que falou dos desafios e das oportunidades que tem pela frente.

ISTOÉ – O que muda na preparação da cidade para receber a Olimpíada com o encerramento dos Jogos de Londres?
Eduardo Paes –
O que muda é justamente o fato de que os olhos do mundo estarão nos acompanhando. Vai se intensificar a fiscalização sobre o nosso trabalho. E, mais importante, agora é a hora de mobilizarmos a cidade, já que passamos a ser agora oficialmente a cidade olímpica. A grande mudança no nosso planejamento é ver como a gente conecta as pessoas com esse evento fantástico.

ISTOÉ – É possível fazer esse trabalho junto à população em meio ao processo eleitoral?
Paes –
A eleição, sem dúvida, atrapalha. Vamos fazer uma cerimônia de chegada da bandeira olímpica ao Rio, depois vou levá-la à presidenta Dilma e a alguns pontos da cidade. Mas terei que limitar os eventos para não ser acusado de estar usando a bandeira para fazer campanha eleitoral. O ideal seria que pudéssemos usá-la de forma mais intensa.

ISTOÉ – Então esse envolvimento da população só poderá ser feito mais a fundo pelo futuro prefeito eleito?
Paes –
Antes disso, já elaboramos uma rotina para que se crie o clima olímpico na cidade. Vamos lançar uma música oficial da Olimpíada, composta pelo Arlindo Cruz. Teremos um cerimonial para a bandeira, com uma guarda especial para ela, que é um símbolo importante para mobilizar a cidade.

ISTOÉ – O sr. acredita que, nessa fase de preparação, o Rio será visto com mais desconfiança do que Londres foi?
Paes –
Sem dúvida seremos mais patrulhados. Mas aí é que está nosso desafio. Esse pode ser o ponto de virada na maneira como o Brasil é percebido. Hoje as grandes obras já estão em execução, tudo tem seu caminho definido, empresas contratadas, licitações feitas. Na Copa a gente perdeu um pouco essa oportunidade, em virtude das confusões que aconteceram. Mas também a Fifa é um ambiente complexo. O Comitê Olímpico Internacional tem um ambiente mais organizado. As grandes questões já equacionamos. Estamos na fase de discutir detalhes.

ISTOÉ – A partir do que os observadores da prefeitura enxergaram em Londres, qual será o maior desafio para que a Olimpíada do Rio aconteça nos mesmos padrões de eficiência?
Paes –
A questão da mobilidade no Rio é um desafio, porque ainda temos de implementar, concluir o metrô e os BRTs (sistema de transporte rápido sobre rodas). Para nós é mais difícil porque Londres já dispunha de uma rede eficiente. Eles qualificaram essa rede e operaram bem. Nós estamos construindo a rede e ainda vamos ter, muito em cima da hora, de aprender a operá-la.

ISTOÉ – O sr. teme que possa haver um gargalo nessa área?
Paes –
A cidade já demonstrou que sabe fazer e conviver com grandes eventos. Mas é claro que temos que chegar num nível de sofisticação maior.

ISTOÉ – A segurança no Rio é uma questão importante para o COI?
Paes –
Não é uma questão que tenha um tratamento especial. Eles estão muito focados na questão esportiva, porque viram que demos, desde o princípio, o tom de priorizar o interesse da cidade.

ISTOÉ – Como foi a sua relação com o prefeito de Londres, Boris Johnson?
Paes –
Estive com ele poucas vezes. As realidades são muito diferentes. Os poderes e as atribuições do prefeito de Londres são bem menores do que os do prefeito de uma cidade brasileira. Ele teve a exposição de um anfitrião, mas na prática teve menos interferência no resultado final do que haverá no Brasil. Mesmo o transporte não é uma atribuição direta dele. Ainda assim, acho que ele demonstrou muito talento. E também enfrentou uma eleição no meio da preparação olímpica.