Neta e filha de costureiras, Diana Estevez, 21 anos, cresceu cercada por retalhos, tesouras e linhas. Vaidosa desde pequena, ela sempre gostou de se vestir bem. E foi exatamente na caixa de costura que encontrou sua profissão. Depois de tentar três faculdades, sem concluir nenhuma, criou a grife Vice Versa. Sempre de cores vibrantes, os modelos de sua coleção se transformam em várias peças. São mochilas que viram casacos, bolsas que também são chapéus, cangas, vestidos ou saias e até uma blusa que se revela saia ou vestido chique. O segredo está nas costuras invisíveis e nos detalhes exclusivos. A jovem estilista evita repetir os modelos. “Deixo o cliente livre para criar seu estilo e sentir o prazer de ter uma roupa única. As mudanças súbitas de temperatura e os imprevistos da vida moderna são outras garantias de sucesso”, conta.

A idéia de criar roupas mutantes nasceu depois de uma balada. “Eu saía para dançar forró e me irritava com a bolsa caindo do ombro. Um dia, resolvi amarrá-la na cintura como uma pochete”, lembra Diana. As amigas aderiram à idéia. Meses depois, ela lançava a primeira bolsa adaptável. Sua mãe e sócia, Denise Vargas, 42 anos, é fã incondicional de suas criações. As duas trabalham horas a fio no bucólico ateliê, em Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro. “Ela inventa planos mirabolantes, difíceis de realizar. Eu entro com a técnica, tornando possíveis suas idéias”, explica Denise.

As roupas versáteis são uma mão na
roda em viagens. Também são ideais
para as crianças, que relutam em se agasalhar no inverno. “As mochilas que viram casacos já foram
apelidadas pela garotada de mochila mágica”, conta Diana. O
ecletismo das roupas de Diana não agradam apenas aos jovens.
“Tenho uma cliente, Maria, 82 anos, que adora as peças. Só que
ela acaba dividindo suas compras com as netas.”

Para ensinar o cliente a transformar
as roupas, a estilista encena, na loja, situações do cotidiano de um modo
teatral e irreverente. Até ela, às vezes,
se confunde com a própria criação. “Uma vez reclamei do sumiço de um casaco. Depois vi que ele estava sobre a cama,
em forma de mochila”, diverte-se. Seu
plano agora é adaptar as roupas para o teatro. “Facilitaria a troca de roupa frenética dos atores e daria versatilidade
ao figurino. Seriam duas alternativas de
cor e vários modelos em um”, aponta ela.