Confira, em vídeo, diversas versões da canção de Roberto e Erasmo Carlos, “Sentado à Beira do Caminho” :

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Assista ao trailer :

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Difícil encontrar um brasileiro que não conheça de cor uma canção de Roberto Carlos. No entanto, em meio a essa imensa legião de fãs, é pequena a parcela que teve o privilégio de ouvir uma música do Rei nos cinemas. É mais uma das curiosidades em torno do superpopular cantor do País: ele é extremamente zeloso em relação ao uso que se faz de suas composições. São poucos os diretores que puderam embalar com elas as suas histórias. Breno Silveira, que lança esta semana em mais de 200 salas o seu novo trabalho, “À Beira do Caminho”, não apenas conseguiu isso, mas tornou-se, também, um recordista: o seu filme traz não apenas uma música, como é comum, mas dez sucessos do Rei, de sua autoria ou que ficaram conhecidos em sua voz. Mais ainda: não os usa somente para sublinhar a emoção de uma cena. Centrado na história de um caminhoneiro, tipo brasileiríssimo e já homenageado em versos pelo artista, o longa-metragem se inspira inteiramente no universo de lembranças e perdas amorosas retratadas em suas composições.

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NA ESTRADA
Vinicius Nascimento e João Miguel em "À Beira do Caminho":
amizade construída de cidade em cidade

Cantarolando conhecidos sucessos de Roberto, Silveira conta que gostaria de ter no filme outras músicas interpretadas pelo próprio cantor. Ao todo são três: “A Distância”, escolhida pelo autor, “O Portão” e “Outra Vez” – as sete restantes são cantadas por Vanessa da Matta e Nina Becker, entre outros nomes da MPB. Mas só essas já foram o suficiente. “Tê-lo cantando em um filme é um luxo”, diz Silveira. Especialmente porque não é barato o pagamento dos direitos autorais. O cineasta não quis falar em preços mas garante que os fonogramas foram negociados pelo “valor padrão”: “Ele liberou as faixas por um valor que não corresponde à realidade.” A sucessão de lances de sorte acompanha a produção desde o seu início, a partir de uma sinopse de 15 linhas feita pela assessora Léa Penteado, que trabalhava na empresa de Roberto. Desenvolvido pela roteirista Patrícia Andrade, parceira de Silveira desde “2 Filhos de Francisco”, o projeto foi tão bem acolhido por editais e patrocinadores que fez o diretor adiar a realização de “Gonzaga, de Pai para Filho”, sobre o relacionamento entre os cantores Luiz Gonzaga e Gonzaguinha – o outro título que ele lança em outubro.

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Em cinco semanas de filmagens, a equipe passou por estradas de Pernambuco, Bahia e Minas Gerais, até chegar a São Paulo, destino do caminhoneiro João (interpretado por João Miguel), que vai à cidade levar o menino Duda (Vinicius Duarte) em busca do pai desconhecido. Nesse trajeto, Silveira se deparou com situações surpreendentes que foram, naturalmente, incorporadas à história, como um grupo musical que tocava músicas do Rei em um boteco às margens do rio São Francisco. “O tecladista é um índio”, diz Silveira. Saído de uma tragédia amorosa, João encontra no menino Duda uma forma de se reconciliar com o seu passado, ainda traumático. Outro lance de sorte foi a escolha do garoto para o papel: uma criança que não conhece o pai como o seu próprio personagem. O menino se chama Vinicius Duarte e foi selecionado entre 500 candidatos de seis Estados. Ganhou pela intensidade de sua interpretação. “Uma coisa que aprendi fazendo esse filme é como o País está repleto de histórias de pessoas que largaram tudo para trás e nem sequer conhecem seus familiares. Somos uma nação de muitos migrantes e poucos pais”, diz Silveira. A sorte só o abandonou durante as filmagens com a morte de sua esposa, a arquiteta Renata, a quem o filme acabou sendo dedicado – ela faleceu de câncer. Devido a esse golpe de tragédia pessoal, a produção se arrastou por meses, já que o cineasta não conseguia ver o material: “É a história de um homem que supera uma perda e reaprende a amar”.

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Fotos: Divulgação