Relembre, em vídeo, a polêmica reforma do símbolo do Império Romano. A repórter Paula Rocha fala sobre o tema e conta por que outros pontos turísticos da Itália também estão ameaçados :

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PROVIDÊNCIA
O trânsito ao redor do anfiteatro será alterado para evitar novos danos

O Coliseu de Roma e a Torre de Pisa têm mais em comum do que o fato de serem símbolos arquitetônicos da Itália e alguns dos monumentos turísticos mais visitados no mundo. Geólogos constataram que o Coliseu está inclinando na parte Sul, fenômeno semelhante ao que ocorre há séculos com o famoso campanário de Pisa, na Toscana. Por enquanto, o rebaixamento do anfiteatro é de apenas 40 centímetros e imperceptível aos olhos. Mas autoridades do país decidiram iniciar ainda este ano a restauração da arena devido à gravidade da situação. Palco de lutas de gladiadores, a construção do século I não é restaurada há 73 anos e apresentou nos últimos meses até quedas de lascas.

O problema foi constatado por estudos da Universidade de Roma (La Sapienza) e do Instituto de Geologia Ambiental e Geoengenharia. A hipótese mais provável é de que vibrações no terreno provocadas pelo tráfego e pelo metrô sejam a causa. Para o professor Giorgio Monti, que participa das pesquisas, a falha deve estar nas fundações. “A laje de concreto sobre a qual repousa o Coliseu, que é como uma rosca oval de 13 metros de espessura, pode ter uma fratura em seu interior”, diz ele, referindo-se aos blocos de pedra colados com cimento que ficam abaixo do solo. Uma restauração de 25 milhões de euros (R$ 62,5 milhões) terá início em dezembro e só terminará em 2015. O trânsito vai sofrer intervenções permanentes para evitar novos danos.

O vice-presidente do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, Manoel Lapa, acredita que tremores e terremotos podem ter causado o desnível, mas está otimista. “Como sabem que o terreno é sempre instável, os italianos são exímios no monitoramento e na recuperação de estruturas”, pondera Lapa. Para o professor de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro Maurício Ehrlich, mais do que uma solução técnica, é fundamental uma alternativa que não descaracterize o monumento. “Em Pisa, fizeram perfurações num dos lados e foi um sucesso. Mas o afundamento do solo no santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, no México, exigiu, infelizmente, intervenções mais visíveis”, compara. Se construir o colosso foi um desafio para a engenharia da Antiguidade, preservá-lo, agora, é a difícil tarefa da ciência moderna.

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