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GLÓRIA
Phelps na piscina: a consagração como
o maior da história dos Jogos

Os cronômetros do Centro Aquático no Parque Olímpico de Londres marcaram mais que tempos de provas na semana passada. Registraram história. Exibiram resultados que realimentaram rivalidades que vão muito além das raias da piscina olímpica. Na terça-feira 31, exatamente às 21h04 no horário londrino, quando a enorme mão direita do americano Michael Phelps pressionou a placa eletrônica na borda de chegada, o tempo parou. O homem que tantas vezes desafiou o relógio vivia o momento preciso de sua glória, aquele que o consagrou como o maior atleta olímpico de todos os tempos. Ao fechar o revezamento americano na primeira colocação na prova do 4×200 metros livre, Phelps garantia seu 19º pódio em Olimpíadas. Até então, apenas a ginasta russa Larisa Latynina, que chegou a 18 premiações nas Olimpíadas, rivalizava com ele.

Phelps, mais que ninguém, simboliza uma era de domínio absoluto dos americanos nas piscinas olímpicas. Um período que, assim como a vitoriosa carreira do campeão, parece estar em seu epílogo. O americano ainda foi grande em Londres. Até a noite da sexta-feira 2 havia ganho outros três ouros e duas pratas, atingindo a marca de 21 medalhas, 17 douradas. Mas passou por revezes incomuns. Nos 200 metros borboleta, prova em que não era batido havia mais de uma década, foi superado na última braçada pelo sul-africano Chad le Clos. 

Enquanto ele se despede das piscinas desponta uma jovem chinesa de 16 anos, Ye Shiwen, ganhadora de dois ouros em Londres. Seu desempenho assombrou o mundo e foi usado como munição na guerra fria do esporte. Às 20h11 do sábado 28, primeiro dia de competições, Ye mergulhou para estraçalhar o recorde mundial dos 400 metros medley. Bateu na placa eletrônica 4min28s43 depois. O que mais impressionou foi o fato de a menina ter percorrido os últimos 50 metros de prova em 28s93. Do assombro à suspeita foi outro segundo. A mais veemente manifestação partiu de John Leonard, diretor-executivo da Associação Mundial dos Técnicos de Natação. Afirmou que, “no passado, sempre que resultados assim apareceram descobriu-se depois que havia algo de errado.”

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DÚVIDA
Aos 16 anos, a chinesa Ye Shiwen assombrou o
mundo e causou polêmica: seria doping?

A princípio, porém, não há nada além de mérito nas marcas da chinesa – na terça-feira 31, Ye ganhou ouro com recorde olímpico nos 200 metros medley. O próprio Comitê Olímpico Internacional (COI) divulgou nota referendando seu sistema de prevenção de doping. “Se houvesse trapaças, nós pegaríamos”, afirmou Mark Adams, porta-voz do COI. Na China, as acusações transformaram-se numa afronta. “Trata-se de uma reação preconceituosa”, disse Jiang Zhixue, chefe de doping da administração central do esporte da China.

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A tímida menina com 1,72 m e 64 quilos, que aos 6 anos deixou a casa dos pais para morar num centro de desenvolvimento de nadadores e hoje vive e treina parte do ano na Austrália, desponta no momento em que a disputa por medalhas olímpicas reflete o novo bilateralismo político. Disputando medalha a medalha com a China a liderança geral dos Jogos (no final da sexta-feira, os EUA tinham 21 ouros, um a mais do que os chineses), os americanos assistem ao avanço dos adversários em um de seus mais tradicionais domínios. Até a quinta-feira, tinham somado seis medalhas a menos que em Pequim, enquanto os chineses passavam de um para quatro ouros.

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Fotos: CHRISTOPHE SIMON e FABRICE COFFRINI/AFP PHOTO


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