A atriz, que volta às novelas depois de 13 anos, reconhece sua compulsão em criar confusão no Twitter e quer ajuda profissional

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BOA FORMA
A atriz diz que perdeu os 15 quilos que ganhou
durante a gravidez e está “mais sequinha”

Aos que ainda tinham alguma dúvida de que o nascimento de um filho muda a vida de uma pessoa seria aconselhável ler o depoimento de Luana Piovani versão mãe até o último ponto final. Atriz bela e talentosa, dona de si, cultuada (e odiada) pelas suas posições e opiniões, aos 36 anos, ela mudou. Topou novamente encarar a maratona das gravações de uma novela depois de 13 anos – estará em “Guerra dos Sexos”, na Globo, a partir de outubro. Cogita aceitar convites para propagandas de bebida alcoólica, algo que sempre recusou. E parou de fumar. O responsável por tudo isso é Dom, seu filho de 4 meses, fruto do relacionamento de pouco mais de um ano com o surfista Pedro Viana. Desde o nascimento dele, saiu de cena a Luana cervejeira inveterada e entrou a Luana lactante três vezes ao dia, uma mãe que não quer receber alta das análises e já planeja os próximos dois filhos.

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"Sempre gostei muito do álcool e o consumia diariamente.
Minha mãe me dizia: Será que você não é alcoólatra?" 

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"Não sabia que era possível uma relação
com paz. O Pedro me ajudou a escolher
fotos sensuais que fiz e dizia: Essa aqui
está bem sexy, vai dar mais comentário"

Fotos: Nana Moraes; divulgação

ISTOÉ

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O que a fez aceitar um papel em “Guerra dos Sexos”, após 13 anos sem atuar em novelas? 

Luana Piovani

O nascimento do Dom me deu uma injeção de entusiasmo para ter novamente vontade de fazer novela. Coisas que eu argumentava, como o fato de a novela ser muito longa e exigir uma dedicação muito grande, hoje, não me parecem mais grandes problemas. A maternidade deixa a gente mais poderosa para fazer coisas que jurava que não conseguiria. Como fazer novela, ter um filho pequeno para criar, apresentar um programa de tevê e, como produtora de teatro, passar 15 dias de agosto em São Paulo, com terninho no corpo e projeto a tiracolo para captar recursos. 

ISTOÉ

Voltar a atuar em novela também vai lhe conferir uma condição financeira melhor. 

Luana Piovani

As propostas (para publicidade e propaganda) vão chegar. Aí, depende de como você as encara. Financeiramente é ruim ficar longe de novelas. Mas é assim para quem prioriza o dinheiro. E eu me afastei das novelas por opção. Trabalhei no que quis, produzi as minhas peças de teatro, tive tempo para fazer as minhas viagens. Eu sou uma profissional que, para render, precisa ter um ócio, um momento em que pare e não tenha responsabilidade nem pressão profissional. Em relação às campanhas publicitárias, eu sou bem exigente, chata, só consigo vender o que consumo e, assim, diminui bastante o meu leque de opções. 

ISTOÉ

Você sempre se recusou a fazer propaganda de bebida alcoólica e de cigarro. Toparia nessa sua nova fase? 

Luana Piovani

Não fiz porque não queria ter essa responsabilidade, esse pedaço do carma. Mas agora me sinto apta a fazer. A maternidade faz com que você se desligue de coisas que antes eram muito importantes. A gente vê tudo com mais simplicidade, porque a prioridade passa a ser uma única coisa: o seu filho. O que me incomodava, o que eu achava errado, hoje é menor.  


ISTOÉ

Por exemplo? 

Luana Piovani

Abri mão da culpa. Faço teatro infantil, mas não estou ali em um horário indevido, falando para as crianças que ofereço teatro infantil para elas beberem cerveja. E, se eu fosse fazer uma propaganda (de cerveja), não toparia aquela coisa machista da mulher de biquíni. Faria uma mais companheira, independente, relaxada e cervejeira. Comecei a trabalhar aos 16 anos, estou com 36, mas nunca fiz (propaganda de cerveja). Fazer um comercial de cerveja não é algo errado, mas aceitável. E adoraria fazer uma propaganda de cerveja com o Zeca Pagodinho. Foi no camarote da Brahma, onde aconteceu um show do Zeca, que conheci o meu marido.  

ISTOÉ

Como foi esse encontro? 

Luana Piovani

Fui ao camarote (no Carnaval do ano passado) com oito amigas solteiras, todas cantando “All the Single Ladies” (da cantora americana Beyoncé) dentro de uma van, durante o trajeto. Uma dessas amigas solteiras era amiga do Pedro e lá nos apresentamos. O Pedro logo foi falando “nossa, você é muito mais bonita pessoalmente” e eu logo pensei “uau, mal cheguei e já estou bombando”. Ficou um clima de paquera e, durante o show do Zeca, ele duvidou que eu subisse no palco. Eu disse: “Você não me conhece mesmo. Bem se vê que você é novinho.” Por coincidência, o Zeca olhou para o meio da pista, me viu e falou: “Luana Piovani! O que é isso? Sobe aqui!” E eu meti o pernão no palco e subi. Sambei com o Zeca e, quando desci, olhei para o Pedro e falei: “Viu só?” Ali, tinha um milhão de fotógrafos esperando o Pedro cheirar o meu cangote, e eu falava para ele: “Aguenta. Espera a van que ela está chegando.” 

ISTOÉ

Você ainda fuma e ingere bebida alcoólica?  

Luana Piovani

Fumava. Parei assim que soube da gravidez. Foi tranquilo largar o cigarro porque eu era uma fumante safada. Fumava tomando o meu chopinho. Era capaz de matar um maço numa balada. E sempre fui altamente consumidora de cerveja. Agora não sou cervejeira; sou lactante. Por enquanto!  


ISTOÉ

Precisou de ajuda para abdicar do álcool e da nicotina?  

Luana Piovani

Interessante, porque isso foi pauta da minha análise pós-parto. Ela (a terapeuta) se surpreendeu com o fato de a bebida não estar me fazendo falta. Eu sempre gostei muito do álcool e o consumia diariamente. Apesar de eu consumir moderadamente de modo que eu conseguisse realizar todas as tarefas com êxito, sempre fui apreensiva com o fato. Minha mãe é abstêmia e, por eu beber todo dia, sempre pegava no meu pé e dizia: “Será que você não é alcoólatra?” Aí, ficou uma pulga atrás da orelha e eu levei o assunto para a análise.  

ISTOÉ

Surpreende-se com o fato de reagir bem sem o chopinho de cada dia? 

Luana Piovani

Eu me surpreendo com isso, mas ao mesmo tempo era óbvio (que deixaria de beber e fumar). Se sou disciplinada trabalhando, imagina tendo um filho! Eu sou a louca mais careta que conheço.  

ISTOÉ

Suas sessões de análise, hoje, acontecem com qual frequência?  

Luana Piovani

Faço análise desde os 20 anos. Já fiz, em momentos complicados, três vezes por semana, já fiz duas e, hoje, faço uma vez. Na última semana, a gente teve uma quase conversa sobre alta. Me senti surpresa e abandonada. Disse a ela (analista): “Não, não, não. Calma!” Minha analista falou: “Isso aqui não é um encontro social. Você me paga caro. Temos de ter material para analisar, mas parece tudo tão bem na sua vida. Já não temos tantos conflitos para analisar. Acha que precisamos continuar?” Mas não estou preparada para ter alta da análise.
 

ISTOÉ

O que ainda precisa ser trabalhado?  

Luana Piovani

Preciso levar o meu Twitter para a análise. Por que eu tenho essa vontade de emitir a minha opinião sem ela ter sido questionada? Por que ocupo esse lugar de falar e questionar sem ter medo dos julgamentos, sem fazer a política da boa vizinhança? Talvez, aparentemente, o preço a se pagar por isso seja muito caro, mas dentro de mim não é. Quero levar esse assunto lá e entender melhor. Talvez pareça uma compulsão, porque o Twitter é um microfone aberto para tudo o que eu falar.  

ISTOÉ

Você incomoda ou é mais incomodada pelo Twitter? 

Luana Piovani

Fiz relações pelo Twitter. As minhas opiniões têm um espaço grande na mídia sensacionalista. Sou cutucada muito mais, ainda mais em um canal aberto, em que a pessoa não tem cara e fala o que quer. Eu me divirto com o Twitter. E fico surpresa de as pessoas levarem a sério. Fui ver o significado de Twitter, que, em inglês, é como um comentário banal. Não tem por que esse carnaval sobre o que escrevo. 

ISTOÉ

O seu corpo voltou ao que era antes da gravidez? 

Luana Piovani

Voltou. Perdi os 15 quilos que havia ganhado. Por eu não estar consumindo álcool, estou mais sequinha. O tônus muscular e a textura da pele não são os mesmos. Leva um tempo para voltar à tonicidade. O que me incomoda mais é o abdômen. Você fica toda geleiazinha, meio blegue-blengue.  

ISTOÉ

Quando caiu a ficha de que havia se tornado mãe?  

Luana Piovani

Quatro dias após a cesariana, tive uma reação alérgica a um antibiótico quando amamentava. Senti uma cólica forte, meu olho começou a inchar, meu nariz entupiu e o meu corpo começou a coçar. Com o Dom no colo, a primeira coisa que pensei era que a minha glote poderia fechar também. O meu corpo estava tendo uma reação física forte e eu não era capaz de estar com ele (filho). Me senti mãe porque, mesmo eu estando em uma situação difícil, precisava ter certeza de que o Dom estava bem. Se a minha mãe e o meu marido não estivessem em casa, eu teria de bater na porta do vizinho para ele segurar o meu filho.  

ISTOÉ

Que tipo de pessoa se tornou com o nascimento de Dom? 

Luana Piovani

Fiquei mais forte. A maternidade não me assusta. Estou fazendo planos para os próximos dois filhos. Espero que o próximo venha em dois anos e o seguinte em três. Eu e o Pedro temos, ainda, muita vontade de adotar um quarto (bebê). Casa cheia e colorida! 

ISTOÉ

Você viveu relacionamentos conturbados antes do atual marido. O que é diferente com o Pedro? 

Luana Piovani

Eu tenho paz. Eu não sabia que era possível uma relação amorosa com paz. E hoje eu sei. Sempre achei que a gente buscasse o amor, mas não é. É paz. Se você tem o amor, mas não a paz, ainda está incompleto. Agora, se tem paz, mas não o amor, você está bem. E o Pedro me deu paz porque ele é uma pessoa segura, acreditou que estou com ele por escolha e por ele ser o homem que eu amo. Não há disputa, ciúme, discussão entre a gente. Ele, por exemplo, me ajudou a escolher as fotos sensuais que fiz para a “Trip” e dizia: “Essa aqui está bem sexy, vai dar mais comentário.” A gente só se agrega. 

ISTOÉ

Você acredita em poliamor?  

Luana Piovani

É moderno demais para mim. Não dou conta dessas histórias de relação aberta. Tanto que no episódio clássico da cruz que carreguei que foi a traição (Luana namorava o ator Rodrigo Santoro quando foi fotografada, em 2000, aos beijos em uma praia com o empresário Cristiano Rangel) não foi uma simples traição. Não o traí, voltei para a casa e disse “eu te amo, meu amor” e segui com a relação com ele. Eu sou muito fiel, meus analistas falam isso. Quando me apaixono por uma pessoa, só consigo amar essa pessoa. E eu disse ao Rodrigo que estava apaixonada por outra pessoa e terminei a nossa relação. Eu jamais conseguiria viver duas relações ao mesmo tempo.  

ISTOÉ

Se alguém a fizesse passar pela situação que você fez com que o Rodrigo Santoro passasse, conseguiria não guardar rancor? 

Luana Piovani

Não. Foi a análise e o Dostoievski que me ajudaram a me perdoar por isso. Trabalho o meu rancor. Já fui muito mais rancorosa, mas vez ou outra ele aparece. 


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