Assista ao trailer : 

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UFANISMO
Sob o olhar de sua esposa, Miyuki (Takako Tokiwa),
o durão Takahashi (Tsuyoshi Ihara, ao centro)  sai
com sua gangue em busca dos ‘corações sujos’

Transformar uma não ficção em thriller de história de amor tomou tempo e impôs árduo trabalho ao diretor Vicente Amorim. Foram nove anos desde que sua ideia de fazer um “filme sobre identidade” transformou-se na adaptação do livro “Corações Sujos”, de Fernando Morais. O resultado poderá ser conferido na sexta-feira 17, data de sua estreia nos cinemas de todo o País. No filme, que também se chama “Corações Sujos”, Amorim retrata a história do sangrento conflito ocorrido em 1945 dentro da colônia japonesa do interior de São Paulo e do norte do Paraná, quando os japoneses que não aceitavam a rendição de seu país aos EUA, ao final da Segunda Guerra Mudial, se revoltaram contra os seus conterrâneos que aceitavam essa condição. “Dois terços deles não creram nisso e passaram a atacar os japoneses da própria colônia que aceitaram a derrota, chamados de ‘corações sujos’”, disse o diretor Vicente Amorim em entrevista à ISTOÉ.

Enquanto o livro é uma rígida reportagem, o longa-metragem tem personagens criados para dar tom à história, mas sem perder a veracidade. “Tive a oportunidade de realizar uma obra com olhar muito particular sobre fundamentalismo, racismo e escolhas que são feitas pelo ser humano”, diz o diretor. O fio condutor passa pelo casal formado pela bela Miyuki (Takako Tokiwa) e o duro Takahashi (Tsuyoshi Ihara). Ele é um homem comum, dono de uma loja de fotografia, que se envolve nessa guerra e tem sua trajetória de imigrante modificada por conta do radicalismo, enquanto Miyuki tenta salvá-lo através do seu amor. A pesquisa do filme, além da ajuda de Morais, contou com a colaboração do Museu da Imigração Japonesa e também de pessoas que vivenciaram o período: “Isso deu alma aos personagens”. As filmagens se deram no interior de São Paulo. Curiosamente, ao final do trabalho, Amorim, que não fala japonês, havia decorado o texto nesse idioma. “Acharam que eu sabia japonês. Só fingia para fiscalizar os atores.” Um dos poucos brasileiros participantes do elenco, Eduardo Moscovis interpreta um subdelegado que tenta achar um significado para o conflito. “Acho que ele está tentando arrancar algum sentido daquela situação tão distante, mas ao mesmo tempo tão próxima da sua realidade”, diz o ator. E acrescenta: “Os atores japoneses são muito disciplinados. São intensos, rápidos e dedicados. É impressionante vê-los trabalhar”.

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OLHAR DISTANTE
Eduardo Moscovis é um delegado que procura entender
as razões do conflito no interior da colônia japonesa

Filmar com estrangeiros, no entanto, não é uma novidade para Amorim. Enquanto lapidava a história de “Corações Sujos” ao lado do roteirista David França Mendes, recebeu em 2008 o convite para filmar “O Homem Bom”, em Londres, com o ator Viggo Mortensen. A expe­riência, segundo ele, é sentida em seu novo trabalho: “Filmar no Exterior me deu segurança para encarar grandes projetos como ‘Corações Sujos’, que é ambicioso”. O resultado vem sendo elogiado nos países onde já foi visto o longa-metragem, como Uruguai, Canadá e, principalmente, Japão: “Se nós, que vivemos perto de onde tudo aconteceu, não conhecemos bem a história, imagine os japoneses. Eles se interessam muito pelo assunto, disseram até que o filme tem espírito japonês.”

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