O videogame é o entretenimento preferido por dez entre dez adolescentes. É fácil entender por quê. Os jogos eletrônicos divertem e estimulam a agilidade, a concentração e o raciocínio. Por esse motivo, os games agora divertem outra platéia: os médicos. Um estudo coordenado por James Rosser, do Centro Médico Beth Israel, em Nova York, mostrou que os cirurgiões que jogam videogame 20 minutos antes das cirurgias ganham mais habilidades manuais e visuais, rapidez e desenvolvem uma capacidade de concentração mais apurada. A pesquisa foi feita com 303 médicos especializados em laparoscopia. Essa técnica cirúrgica se baseia no uso de microcâmeras que captam imagens internas do corpo e de instrumentos cirúrgicos introduzidos no organismo através de minúsculas incisões.

O jogo usado pelo pesquisador foi o Super Monkey Ball. Ele mostra um macaco preso a uma bola num cenário cheio de obstáculos. Não se pode deixar a bola cair. Por isso, para se dar bem o participante precisa ter coordenação motora esmerada e nervos de aço. Em simulações de cirurgia, os médicos que fizeram esse “aquecimento” tiveram suas capacidades técnicas comparadas às dos colegas que não haviam passado pelo jogo. “Os que treinaram com games mostraram mais rapidez e agilidade e também erraram menos”, afirma o cirurgião James Rosser.

Os resultados confirmam o que o próprio médico havia constatado em outra pesquisa, feita em 2003. Na ocasião, o trabalho revelou que os cirurgiões que jogam videogames tendem a ser mais eficientes nos procedimentos laparoscópicos. A expectativa, segundo Rosser, é que essas descobertas ajudem a reduzir os erros médicos, que, segundo estimativas, contribuem para 100 mil mortes por ano nos Estados Unidos.

Na opinião do cirurgião Túlio Yamada, do Centro Especializado em Cirurgia Minimamente Invasiva, de São Paulo, os games de fato estimulam habilidades importantes para um bom cirurgião. E isso pode ser mais facilmente desenvolvido em jovens que desde cedo tiveram contato com computador e jogos eletrônicos.
O próprio cirurgião, que se inclui nessa geração, acredita que boa parte de sua perícia se deve ao fato de que estava acostumado a manusear o joystick. “A videolaparoscopia se utiliza de instrumentos que são a extensão da mão do
médico. Os procedimentos são feitos a partir das imagens na tela. Quem tem
o hábito de jogar videogames está mais familiarizado com essa mecânica e pode
se sair melhor”, afirma.


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