A medicina tem travado grandes batalhas contra as infecções adquiridas no hospital durante o tratamento, as chamadas infecções hospitalares. O combate é cada vez mais difícil porque as diversas cepas de germes envolvidos no problema ganham resistência contra os medicamentos conhecidos. Em geral, as bactérias multirresistentes acometem pacientes com as defesas do organismo debilitadas por longos períodos de internação, cirurgias e sondas ou submetidos a fortes doses de antibióticos.

Mas as infecções não se restringem ao ambiente hospitalar. Nos Estados Unidos, por exemplo, há um surto na comunidade de um tipo mais resistente de Staphylococcus aureus que ataca especialmente a pele. Os americanos também lutam contra uma versão recente e agressiva da bactéria Clostridium difficile, que muitas vezes está presente no intestino sem causar doença ou sintomas. No entanto, a forma mutante já causou mortes entre pessoas saudáveis.

Como se vê, o aparecimento de novos padrões de resistência mostra quanto é necessário investir na compreensão desses mecanismos e na pesquisa de novas formas de combatê-los. Infelizmente, não é o que se vê. O lançamento de agentes antibióticos caiu pela metade em duas décadas. A última novidade chegou ao Brasil este mês. Trata-se do primeiro representante de uma nova classe de antibióticos, o medicamento Tygacil, do laboratório Wyeth, indicado para tratar infecções abdominais e de pele graves. “Novos antibióticos são esperados, mas devem ser administrados conforme as normas das comissões de controle de infecção hospitalar de cada local para que não se desenvolva resistência em um curto espaço de tempo devido ao uso inadequado”, diz a infectologista Tânia Strabelli, do Instituto do Coração, de São Paulo.

Na semana passada, outra empresa anunciou a descoberta de um composto promissor entre milhares de moléculas estudadas, o platencimycin. Em laboratório, ele mostrou-se potente contra bactérias multirresistentes. A droga, da indústria Merck, entrará em testes que podem demorar até dez anos. A ciência também procura trincheiras de ação inusitadas e com maiores chances de sucesso. “Existem estudos com a utilização de outras bactérias para competir com os microorganismos multirresistentes”, aponta Flávia Rossi, diretora do laboratório de Microbiologia da Universidade de São Paulo


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