Um estudo da Universidade de São Paulo, divulgado pela revista da Academia Americana de Ciências, sinaliza que há esperança para as pessoas que sofrem com a falta de percepção dos aromas. Pesquisadores do Instituto de Química demonstraram que uma proteína, a Ric-8B, estimula os receptores de cheiro localizados nos neurônios distribuídos na porção superior do nariz. As partículas com odor se encaixam nessas estruturas, permitindo o reconhecimento do aroma. A equipe desenvolveu o trabalho em receptores de olfato de camundongos (que chegam a mil, enquanto no homem são 380). Agora, serão estudados receptores humanos por meio de células cultivadas em laboratório. Os pesquisadores usarão a proteína para facilitar o processo de ligação das partículas cheirosas. Com isso, pretendem descobrir quais receptores são ativados pelos aromas. Equivale a encontrar as chaves que servem para cada porta que forma a “biblioteca” de dez mil aromas dos seres humanos.

O achado é importante para compreender os mecanismos que permitem identificar os cheiros, um processo ainda não totalmente desvendado. A perda do olfato interfere diretamente na qualidade de vida. Não captar um perfume ou o gostoso cheiro de café são situações que deprimem. E não sentir o vazamento de gás de cozinha, por exemplo, é um sério risco. “Muitas pessoas se queixam de anosmia”, diz a bioquímica Bettina Malnic, responsável pelo estudo. Ela se refere ao nome que se dá à incapacidade de perceber odores. Não há estimativas que apontem quantos indivíduos estão nesse quadro, que surge sem causa aparente ou por razões variadas, como tumores e lesões nas estruturas olfativas.


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