No mundo das academias, um dos “sonhos de consumo” é contratar um personal trainer. Ter um orientador exclusivo pode facilitar a manutenção ou a conquista da boa forma física. Afinal, ele é o encarregado de acompanhar bem de perto o programa de atividades. Mas nem sempre é assim. Já é possível contar com um profissional desses na coordenação dos exercícios sem que ele necessariamente esteja ao lado do aluno. Sites sobre atividades físicas estão se multiplicando pela internet. É o fitness virtual, que dispensa o contato direto e constante com o professor.

Entre os sites, há vários que funcionam como uma espécie de personal trainer virtual. Um deles oferece o programa Crosstrainer, disponível em inglês. Ele possibilita a criação de uma planilha individual de exercícios e alimentação produzida a partir de dados do internauta. No Brasil, o professor Antônio Carlos Ferreyra, do Rio de Janeiro, também dá treinamento online (www.aferrera.cjb.net). Os preços por esse atendimento são variáveis, sendo estabelecidos de acordo com a presença do professor. Um dos pacotes sai por R$ 50 mensais e o encontro com o aluno ocorre uma vez a cada dois meses (o programa segue por fax ou e-mail). O mais caro custa R$ 160 e o contato acontece uma vez por semana. Segundo Ferreyra, a rede mundial é usada como parte do trabalho. “Após o primeiro contato para avaliação pessoal,
é possível ter bons resultados com uma orientação desenvolvida
pela internet”, garante. O corredor Luís Villela está satisfeito com
o treinamento virtual. “A internet facilita. Não moro perto do
treinador”, conta.

Apesar de se apresentar como solução para a falta de tempo, o fitness virtual parece estar longe de roubar o lugar do personal trainer real. Daisy Pinheiro, professora de educação física no Rio e mentora do site Personal Training (www.personaltraining.com.br), considera que a internet é somente uma ferramenta. “Não se pode descartar a presença do profissional”, diz. Para Daisy, seu site não se encaixa no conceito de fitness virtual. “Ele dá orientações básicas de como levar uma vida mais saudável, mas não ensina como fazer exercícios”, afirma. A personal trainer Fernanda Nogueira, do Rio, critica o método. “Um conjunto de pessoas treinadas por um profissional qualificado obterá muito mais resultados do que um grupo orientado pela internet”, aposta.

Diversos sites dão instruções de exercícios, alimentação e até mesmo de uso de anabolizantes, o que preocupa o Conselho Regional de Educação Física do Rio. A entidade faz restrições ao fitness virtual, mas não tem condições de controlar a internet. De acordo com Jorge Steinhilber, presidente do órgão, é melhor fazer exercício pela internet do que não malhar, mas é importante alertar sobre os riscos. Lesões podem ocorrer quando não se conhece a carga de esforço que o corpo suporta, por exemplo. Por isso, é preciso ter cuidado ao procurar serviços que ofereçam o fitness virtual. O mais indicado para quem pretende malhar via internet é conhecer seus limites e, de preferência, ter praticado exercícios regularmente antes de qualquer experiência virtual.