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A troca de favores e outras práticas corporativistas arraigadas na rotina do Congresso Nacional transformaram deputados federais em alvos de estelionatários. Desde o início de julho, a Polícia Legislativa investiga uma quadrilha que se especializou em enganar parlamentares para obter dinheiro e bilhetes aéreos, fazendo-se passar por assessores ou parentes. O golpe funcionaria da seguinte maneira: o estelionatário telefona para o gabinete de um determinado deputado e diz que foi orientado a lhe pedir ajuda em nome de outro parlamentar. Para ganhar a confiança do interlocutor, o criminoso cita nomes de funcionários que trabalham com o parlamentar. Acostumados a atender pleitos de colegas, os parlamentares acham normal o teor do pedido e, quase sempre, autorizam a liberação de cotas da verba indenizatória e de passagens.

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ALERTAS
A vice-presidente da Câmara, Rose de Freitas, mandou ofício alertando sobre os
golpes. Os deputados Renan Filho (abaixo) e Devanir Ribeiro escaparam da cilada

Investigações preliminares indicam que, no último mês, ao menos seis deputados fizeram transferências bancárias para contas dos golpistas. Mas ainda não há um número exato do total de vítimas, pois os próprios parlamentares se negam a admitir terem caído no golpe. Dentre os que quase foram iludidos estão os deputados Paulo Piau (PMDB-MG), Íris de Araújo (PMDB-GO), Devanir Ribeiro (PT-SP), José Nunes (PSD-BA), Vanderlei Macris (PSDB-SP) e Renan Filho (PMDB-AL), que foi o primeiro a alertar sobre a nova modalidade de crime na Câmara. Dois colegas o questionaram sobre pedidos de emissão de bilhetes aéreos feitos em seu nome. “O bandido disse à deputada Íris de Araújo que eu havia lhe orientado a pedir dinheiro e passagem a ela para que ele pudesse ir de Goiânia a Maceió. Falei que não sabia do que se tratava. A partir daí, solicitei que fosse feito um comunicado alertando para essa prática”, conta.

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O pedido do deputado resultou em uma circular encaminhada pela primeira vice-presidente da Câmara, Rose de Freitas (PMDB-ES), aos gabinetes para evitar novos casos. Há um grande risco de que a Câmara vire vítima de seu próprio fisiologismo.

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Fotos: shutterstock; Leonardo Prado e Beto Oliveira/Ag. Câmara; José Cruz/ABr


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