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TRAGÉDIA
Área externa do Grande Hotel, onde Inês, 4 anos,
faleceu enquanto brincava no playground (abaixo)

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O Grande Hotel São Pedro, que abriga a escola de hotelaria e gastronomia do Senac, é um verdadeiro oásis na pequena cidade de Águas de São Pedro, interior de São Paulo. Com um campo de golfe, spa com águas medicinais, ambientes requintados e jardins projetados na década de 1940, o estabelecimento cobra diárias que custam entre R$ 1,5 mil e R$ 3,6 mil o casal na alta temporada. Esse refúgio luxuoso, no entanto, se tornou palco de uma tragédia. Na segunda-feira 23, a menina Inês Schaller, 4 anos, faleceu enquanto brincava no playground do hotel. Por volta do meio-dia, a viga de madeira que sustentava o balanço onde ela brincava se rompeu em uma das extremidades e caiu em cima do tórax da criança. Inês chegou a ser levada para o Pronto Socorro de Águas de São Pedro, mas teve uma parada cardíaca em consequência de choque hemorrágico e não resistiu. No dia 9 de julho, ocorreu outra tragédia num desses lugares paradisíacos, em que famílias se dirigem em busca de conforto e tranquilidade. A pequena Maria Eduarda Ribeiro Dantas, 4 anos, faleceu após se afogar na piscina para adultos do Sauípe Park Hotel, no resort Costa do Sauípe, no litoral da Bahia. Segundo familiares da menina, não havia seguranças ou salva-vidas monitorando as piscinas no momento da queda. O hotel nega essa versão e a polícia abriu inquérito para investigar as causas.

Além de trágicas, as mortes de Inês e Maria Eduarda colocam em xeque a manutenção de estabelecimentos que deveriam zelar pela segurança de seus hóspedes. Segundo o perito criminal Jefferson Willians de Gaspari, que avaliou o brinquedo onde estava Inês, a peça cedeu devido ao mau estado de conservação da madeira. “Por fora a viga estava pintada e envernizada, mas por dentro foi possível notar que ela não apresentava condições de uso”, diz Gaspari. Por meio de nota, o Grande Hotel São Pedro declarou que, em 2011, o playground passou por uma reforma completa e que as instalações são checadas diariamente por um gestor. A família de Inês, que não quis comentar o caso, vivia na França e estava de férias no Brasil. Eles passariam uma semana no hotel. O acidente aconteceu no primeiro dia de hospedagem, e no momento da queda ela estaria acompanhada de um monitor do estabelecimento, Davi Fernandes, de 25 anos, que deve prestar depoimento.

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A especialista em segurança de estabelecimentos turísticos, Silvia Basile, presidente da ONG Férias Vivas, explica que a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) definiu padrões de segurança para playgrounds, mas eles não são obrigatórios e não há uma lei que regulamente a fiscalização desses locais. “É possível diminuir os riscos de acidentes em parques infantis; porém, isso custa dinheiro. E, infelizmente, a maioria dos hotéis ainda vê as despesas com segurança e manutenção como uma perda, e não um investimento”, diz Silvia.

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Colaborou Flávio Costa
Fotos: Edelveis Silva/Folha de S. Paulo


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