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O Brasil alcançou sua maior taxa de empregos formais – trabalhadores com acesso à segurança social- em 2009, apesar da crise econômica, mas ainda mantém as desigualdades salariais para as mulheres e os negros, de acordo com um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgado nesta quinta-feira.

A OIT analisou a situação de trabalho no Brasil no período 2004-2009, que avalia indicadores como oportunidades de emprego, segurança social, remuneração adequada, jornada de trabalho e erradicação do trabalho infantil e escravo. Em 2009, o Brasil conseguiu pela primeira vez que 54,3% dos trabalhadores tivessem emprego com acesso à segurança social, apesar de sofrer os efeitos da crise financeira. "Entre 2003 e 2010 foram gerados no Brasil 15,3 milhões de postos formais de trabalho, com a grande vantagem que muitos deles foram criados nas regiões mais pobres", disse José Rivero, coordenador do estudo da OIT.
 
"A pesar dessa evolução extremamente positiva do emprego formal, é preciso enfatizar que a informalidade ainda era uma realidade em 2009 para quase metade dos trabalhadores brasileiros, sendo ainda mais acentuada entre mulheres e negros", disse a OIT.
A diferença da austeridade aplicada na Europa e no Brasil se inclinou por uma política de estímulo à produção e ao consumo que lhe permitiu levar o desemprego a 6% em 2011, sua taxa mais baixa da história. Ao mesmo tempo, mantém-se os subsídios aos mais pobres. O país, com pouco mais de 190 milhões de pessoas, conta com uma população economicamente ativa (PEA) de 100 milhões de trabalhadores. 
 
A OIT também analisou as diferenças salariais por gênero e raça.
 
Em 2009, as mulheres recebiam em média 30% menos de remuneração que os homens por realizar o mesmo trabalho e a discriminação era maior conforme aumentava o nível de escolaridade. Assim mesmo, em 2009, os negros – que junto aos mulatos formam a maioria da população brasileira – recebiam 40% menos que os brancos e a diferença era maior com relação às mulheres negras, disse a OIT.
 
O organismo também encontrou diferenças na jornada de atividade entre homens e mulheres. Em média, a mulher trabalha menos horas na semana que os homens (36 horas contra 43,4 horas, respectivamente), mas se incluídas as tarefas domésticas a diferença é de 58 contra 53 horas. Cerca 90,7% das mulheres com emprego também realiza tarefas domésticos frente a 49,7% dos homens, segundo a pesquisa. Em 1992, as mulheres representavam 40% da PEA e esse porcentagem aumentou a 44,5% em 2009.
 
A OIT destacou também a luta do Brasil contra o trabalho infantil e escravo, sendo este último descrito como baixas condições de saúde, alimentação e alojamento, e com salários abaixo do mínimo (308 dólares). "Entre 1995 e 2011, 41.806 pessoas foram liberadas de situações de trabalho análogas à da escravidão, sendo que 85,8% delas (35.715) entre 2003 e 2011", diz Rivero. 
 
Além disso, o país reduziu o trabalho infantil de 11,8 a 9,8% entre 2004 e 2009, ano em que ainda trabalhavam 4,2 milhões de crianças entre cinco e 17 anos. "As políticas de combate à pobreza, de estímulo ao mercado interno e de valorização do salário mínimo propiciaram nos últimos anos uma melhor inclusão das pessoas no mercado de trabalho em condições favoráveis", afirmou Laís Abramo, diretora da OIT no Brasil.