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SINAIS
A demência é uma das manifestações mais evidentes da enfermidade

Uma das maiores dificuldades na luta contra o Alzheimer – doença caracterizada por demência e perda progressiva de memória – é estabelecer formas de diagnóstico precoce. Na última semana, um passo importante foi dado nesse sentido. Coordenado por pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, um grupo de cientistas anunciou ter descoberto sinais de alterações associadas à enfermidade possíveis de serem detectadas até 25 anos antes do surgimento dos primeiros sintomas. “Uma série de transformações começa a ocorrer no cérebro décadas antes de a doença ser notada”, afirmou o neurologista Randall Bateman, líder do trabalho. “E quanto mais aprendemos sobre a origem do Alzheimer, mais estaremos preparados para traçar planos de prevenção”, complementou. A pesquisa acaba de ser publicada no prestigiado “The New England Journal of Medicine”.

Este foi o primeiro trabalho a revelar alterações ocorridas tão precocemente. Para fazer a descoberta, os cientistas investigaram as condições neurológicas de 128 indivíduos pertencentes a famílias nas quais havia casos da doença. Portanto, os participantes têm predisposição genética ao Alzheimer. Cada um manifesta 50% de chance de ter herdado uma das três mutações genéticas sabidamente relacionadas ao problema.

A partir da história familiar dos voluntários, os pesquisadores traçaram uma estimativa da idade na qual eles começariam a apresentar os sinais da doença. Entre os mais evidentes estão o esquecimento progressivo e a queda no rendimento cognitivo. Todos os indivíduos também foram submetidos a uma série de avaliações físicas e neurológicas. O objetivo dos cientistas era saber se alguma das alterações associadas à enfermidade poderia ser registrada anos antes de seu desencadeamento.

O resultado foi impressionante. Cerca de 25 anos antes da data calculada para o surgimento dos primeiros sintomas, os participantes já apresentaram uma diminuição nos níveis da proteína beta-amiloide no fluido cérebro-espinhal. O depósito da substância no espaço entre os neurônios é uma das causas da doença. Esse processo – o acúmulo do composto – ocorre 15 anos antes. Também por volta dessa época já se registra a elevação da quantidade de outra proteína, a tau. Sabe-se que esse aumento está vinculado ao Alzheimer, já que forma um emaranhado de fibras, prejudicando o funcionamento dos neurônios.

Outras transformações foram observadas (leia quadro). Entretanto, os cientistas não identificaram nenhuma modificação nos marcadores da doença entre os integrantes do grupo controle, sem as mutações genéticas que predispõem à enfermidade. “É impressionante como, entre esse grupo de pessoas, os marcadores são absolutamente normais”, afirmou Bateman. O pesquisador pretende agora iniciar testes com possíveis tratamentos preventivos para os indivíduos em risco.

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Outro avanço foi divulgado na semana passada. Pesquisadores da Universidade da Islândia identificaram uma mutação genética que protege contra o Alzheimer. Ela ocorre em um gene responsável por determinar a produção de uma substância precursora da proteína beta-amiloide. Sua presença reduz a produção do composto em até 40%, de acordo com o estudo. Na opinião dos cientistas, a descoberta reforça a importância de se desenvolver estratégias para impedir a formação da proteína.

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