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ALERTA
Se as quatro refinarias do PAC não estiverem em operação em 2020,
a Petrobras passará a importar 40% dos derivados de petróleo consumidos
no Brasil. Por isso, a estatal já iniciou conversas com a petrolífera chinesa Sinopec

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A presidenta da Petrobras, Maria das Graças Foster, tem fama de ser intransigente, mas também clara e direta. Há duas semanas, ela deu novas provas desse jeito ao tratar do plano de investimentos da empresa para 2012-2016. Sem rodeios, Maria das Graças Foster avisou que as metas seriam “mais realistas” e adiou a entrega de três das quatro refinarias previstas no PAC. Além disso, proibiu seus assessores de falar em prazos para as refinarias Premium I, no Maranhão, Premium II, no Ceará, e a de Itaboraí, no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro. No cenário atual, nenhuma delas sairá antes de 2017. Agora, nas palavras de Foster, todas terão de “lutar por recursos”. Mesmo que eles precisem vir de fora do País. Segundo fontes do governo, o Palácio do Planalto deu sinal verde para a participação estrangeira no refino no Brasil. “A Petrobras é uma empresa de economia mista, pode buscar os parceiros que quiser”, diz um assessor da presidência da estatal. “Ela já possui parcerias estrangeiras em outras áreas, não seria nenhuma novidade”, afirma outra fonte.

Em busca de novos parceiros, a Petrobras retomou nos últimos dias as conversas com a petrolífera China Petrochemical Corporation (Sinopec), que já atua na exploração de dois blocos na bacia Pará-Maranhão, e adquiriu 40% da espanhola Repsol no Brasil, em 2010, e a portuguesa Galp. O novo presidente da Repsol Sinopec, José Maria Moreno, está animadíssimo com as operações no Brasil e disse que os investimentos em 2012 vão superar os de 2011. Num jantar disputado, no dia 25 de junho, no Rio de Janeiro, o presidente do grupo Sinopec, Fu Chengyu, disse que saberá aproveitar o vento favorável do Brasil. O executivo chinês anunciou no encontro que quer aumentar seus investimentos no País, principalmente se a Petrobras for sua parceira.

A parceria entre a Petrobras e empresas estrangeiras, nesse período de revisão de investimentos, parece ser a saída mais prudente, no entender de defensores dessa ideia no governo. As 11 refinarias da Petrobras no País estão operando com 90% de sua capacidade instalada para conseguir atender à demanda por combustíveis, e, se as quatro refinarias do PAC não estiverem em operação em 2020, a Petrobras passará a importar 40% dos derivados de petróleo consumidos no Brasil. Um percentual preocupante para um país autossuficiente em produção. A presidenta da Petrobras tem criticado principalmente o atraso de três anos na entrega da Refinaria Abreu Lima, em Pernambuco. A primeira etapa só ficará pronta em 2014, a um preço de US$ 3,7 bilhões, porque o presidente venezuelano, Hugo Chávez, roeu a corda e a PDVSA não aplicou nenhum centavo do que foi combinado.

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Há outros grupos multinacionais interessados em parcerias com a empresa brasileira. Mas a principal dificuldade é a política de subsídios do preço da gasolina no mercado interno, que tem reduzido o lucro. O economista e sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, lembra que o consumo de gasolina explodiu, mas, se o governo passar a adotar a paridade, o consumidor poderá se retrair e optar pelo etanol. “Nesse caso, não haverá tanta pressão pela construção de refinarias e os estrangeiros vão se sentir mais à vontade para investir”, diz. O Ministério da Fazenda insiste no subsídio para conter a inflação e, simultaneamente, manter o mercado de automóveis aquecido. E acredita no potencial do mercado brasileiro para atrair investidores no refino de petróleo no País.

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Fotos: Fotomontagem sobre foto de divulgação Petrobras ; Hu Quingming / AFP


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