Saia-justa para Renan

A antiga cúpula do PMDB, leia-se Michel Temer e Geddel Vieira Lima, ainda não engoliu o fato de ter sido afastada do centro do poder pelo governo Lula. Michel foi a plenário, na quarta-feira 26, dizer que o PMDB não quer cargos no governo. Na prática, quer dinamitar a entrada do partido na base governista. Como Lula fez que ignorou o discurso, o grupo já está preparando novos lances. Temer e Geddel agora estão agendando um encontro com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em Paris. Apenas para mostrar ao atual governo que uma parcela do PMDB continuará na oposição. Mais: pretendem colocar o atual líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, numa situação constrangedora. Michel e Geddel vão convidar Renan para acompanhá-los. Como ex-ministro de FHC, seria uma indelicadeza de Renan recusar o encontro. Mas, se for a Paris, estará batendo de frente com o atual governo. É coisa para ser decidida nesta semana.

Estilo Geisel

Lula surpreeendeu a opinião pública, durante a campanha, quando
elogiou Ernesto Geisel. Mas não é só essa a semelhança com o ex-presidente do regime militar. No Palácio do Planalto, diz-se que ele também se espelha em Geisel na forma de lidar com a direita e a esquerda. Quando começou a tratar da Anistia, Geisel colocou Petrônio Portella para dialogar e amolecer a oposição. A esquerda acabou não fazendo carga contra o projeto. Enquanto isso, Geisel tratava ele próprio de frear a linha-dura dos quartéis. Hoje, Lula cuida pessoalmente da esquerda, amansando as centrais sindicais, enquanto José Dirceu,
no Congresso, dialoga com a oposição.


Cisão na base religiosa do PL

Multiplicam-se as evidências de uma profunda cisão na base religiosa que sustentou o crescimento do Partido Liberal (PL) nas eleições do ano passado. O confronto é entre o núcleo de entidades progressistas e o condomínio conservador de bispos da Igreja Universal, com ampla influência no comando do PL e em suas relações com o governo federal. A rebelião já ganhou forma em São Paulo e no Paraná. Será formalmente anunciada, nos próximos dias, à Presidência da República e ao Congresso.

Muy amigos

Em seu depoimento na CPI do Silveirinha, no Rio, o ex-secretário de Fazenda Carlos Antônio Sasse abriu as baterias contra o ex-governador Anthony Garotinho. Mas, ao que parece, o rompimento é recente. Depois que deixou a Secretaria, ele ainda ficou, por um ano e meio, como consultor e vice-presidente do Conselho de Administração da Cedae, a companhia de Águas e Esgotos do Estado.

Demonstração de força

Na terça-feira 25, em meio ao calvário de ACM por conta dos escândalo dos grampos na Bahia, o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, jantava no badalado restaurante Piantella, de Brasília, com boa parte da cúpula do partido. Na mesa ao lado, o ex-deputado Benito Gama comentava: “Essa é a mesa araldite. Estão com cola na boca para não demonstrar o quanto riem com o enfraquecimento de ACM.”

PT investiga governo FHC

O governo e o Partido dos Trabalhadores avançam, lentamente,
mas de forma coordenada, na direção de uma ampla investigação sobre uma das obras centrais do governo Fernando Henrique Cardoso: os contratos de privatização das empresas de energia elétrica. As tarefas foram planejadas e distribuídas em dezembro e já estão sendo executadas em etapas, com discrição.

Rápidas

• Do presidente do Senado, José Sarney, para Lula sobre a participação do PMDB no Ministério: “Tem que ser algo à altura do partido. Maior bancada no Senado e mais 71 deputados.”

• Em outras palavras: o comando político do governo Lula e a cúpula petista estão pensando em dar um ministeriozinho para o PMDB, mas o partido não aceita menos que duas pastas.

• Depois do Carnaval, o PFL vai apresentar uma série de pedidos de informação nos ministérios sobre o currículo dos nomeados para os novos DAS. Vai tentar desqualificar a equipe do PT.

• A propósito do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Congresso só se fala do que foi feito, em 1988, com os textos da antiga Comissão Pré-Constituinte comandada por Afonso Arinos: lixo.