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BATE O PÉ
Cena da novela "Dancin’ Days" portuguesa e o
original brasileiro: saem as roupas brilhantes

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Com a fama de produzir as melhores novelas do mundo, as emissoras brasileiras começam a apostar em uma nova forma de exportação de suas produções. Se antes as telenovelas eram vendidas como produto acabado e recebiam apenas dublagem, hoje o que está passando a ser comercializado é o próprio script, ou seja, o enredo bruto, usado em remakes adaptados à realidade dos países compradores. O atual sucesso brasileiro refilmado além-mar é “Dancin’ Days”, exibido pelo canal português SIC desde o início do mês com uma audiência de 14%, índice alto para Portugal. A ideia é seguir a mesma receita que a própria Rede Globo, detentora de seus direitos, está usando no novo horário das 23h no Brasil: resgatar títulos bem-sucedidos décadas atrás e trazê-los para a realidade atual. A versão lusitana de “Dancin’ Days”, por exemplo, deixou de lado os trajes glitter e a disco music – exceto pelo tema de As Frenéticas – e usa um figurino e uma trilha sonora que nem de longe lembram os anos 1970, com espaço até para o sertanejo pop de Michel Teló.

Essa não é a primeira experiência da SIC com telenovelas brasileiras. “Laços de Sangue”, remake de “Laços de Família”, de Manoel Carlos, fez tanto sucesso nas mãos do diretor lusitano Pedro Lopes que ganhou o Emmy de melhor novela no ano passado. O sotaque latino se faz presente em “El Clon”, o equivalente colombiano de “O Clone”, exibido no país em 2010. E o inglês será testado em “Fine Pedigree”, o correspondente americano de “Fina Estampa”.

Tal avanço sobre os enredos nacionais não fica apenas nas telenovelas. As minisséries “Os Maias” e “Como uma Onda” já estão em fase de produção no Exterior. ­Principal autor de “Dancin’ Days”, o novelista Gilberto Braga acredita que essa tendência confirma o reconhecimento da teledramaturgia nacional. “É uma boa abertura de mercado, um prestígio para a novela brasileira”, disse à ISTOÉ. Braga não teve envolvimento na atual versão, ao contrário do seu colega Aguinaldo Silva, que atuou como um consultor de refilmagens como “Laços de Sangue”. A exportação de know-how se dá também com profissionais e técnicos. Eles dão aulas preparatórias para o elenco local e palpitam até no cenário, caso de Mário Monteiro, que cuidou de “Dancin’ Days” em suas duas edições.

A produção local tem algumas liberdades: além de decidir o visual dos personagens, pode mudar o desfecho da trama ou vetar nomes pouco usais em seus países, como de Jofre ou Ubirajara.

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