Assista ao trailer:

IstoE_Roma_255.jpg

 

 

 

img.jpg
NOVO CENÁRIO
O cineasta filma na Fontana di Trevi,
em Roma: amores e cartões-postais

Aos 76 anos e 43 filmes no currículo, Woody Allen, o mais nova-iorquino dos diretores americanos, surpreendeu os seus fãs – e os executivos de Hollywood, dos quais tem se mostrado desafeto há uma década – com a seguinte confissão: “Na verdade, eu sempre quis ser um cineasta estrangeiro. Um acidente feliz acabou por me tornar um deles, pois só assim consigo financiamento.” Quem acompanha a carreira de Allen sabe de sua admiração pela obra do sueco Ingmar Bergman (emulado em “Interiores”) e do italiano Federico Fellini (modelo para “Memórias”). No entanto, mesmo sob a influência desses mestres, ele não abria mão de sua condição de típico habitante de Manhattan. Agora, como o seu personagem Zelig, aquele que tinha a habilidade de se mimetizar às situações, Allen busca interagir com a realidade dos países em que é convidado a trabalhar.

A aventura “turística” começou na Inglaterra, onde assinou três longas, saltou para a Espanha e a França e chega à Itália, cenário de “Para Roma, com Amor”, que estreia na sexta-feira 29.
O surpreendente nessa guinada é que, justamente ao arejar a sua obra com enredos europeus, Allen se tornou um artista mais comercial – seu filme anterior, “Meia-Noite em Paris”, vencedor do Oscar de melhor roteiro, faturou US$ 151 milhões e se posicionou como a maior bilheteria de sua carreira.

img1.jpg
SANGUE LATINO
Roberto Begnini (ao centro) vive um homem
comum e Penélope Cruz, uma prostituta

img2.jpg

 

 

A julgar pelos primeiros resultados de “Para Roma, com Amor”, que rendeu quase US$ 10 milhões em um mês de exibição na Itália, o novo filme vai pelo mesmo caminho. O Allen “italiano” buscou inspiração na clássica comédia popular daquele país ao contar uma história em que se misturam quatro núcleos de personagens. Há o casal interiorano que vai tentar a vida na cidade grande e se mete em situações improváveis: o marido é seduzido por uma voluptuosa garota de programa e é obrigado a apresentá-la como esposa aos parentes ricos; e sua mulher encontra o ator canastrão que venera e acaba em sua cama. Há também o dono de uma funerária que canta como o tenor Enrico Caruso e passa a ser empresariado por um frustrado diretor americano de ópera. Entre esses tipos incomuns, ainda circulam pela Cidade Eterna o pacato pai de família que se torna uma celebridade após mostrar o seu cotidiano na tevê (papel de Roberto Begnini) e um jovem arquiteto americano que troca a namorada por uma atriz inconstante. A ciranda de traições, paixões ilusórias e situações burlescas funciona como uma versão pós-Berlusconi de “Sonhos Eróticos de uma Noite de Verão”.

Após eleger Scarlett Johansson a sua musa da fase inglesa, o diretor entronizou Penélope Cruz como a diva latina – ela lembra Sophia Loren no papel da prostituta Anna. Allen, que não atuava há seis anos, retorna impagável no papel de Jerry, o diretor de ópera. Quem melhor ilustra o seu momento atual, contudo, é o arquiteto vivido por Alec Baldwin, que abandonou os sonhos da juventude e vive confortavelmente como projetista de shopping centers.
“Dá mais dinheiro”, ele diz.

img3.jpg