Menos de dois meses antes da posse, a popularidade do governo eleito continua em alta. Pesquisa CNT/Sensus mostra que 71% dos brasileiros acreditam que o novo presidente terá uma performance entre boa e ótima no governo, o que é comprovado pelas andanças do presidente eleito Lula, que não pode sair às ruas sem ser assediado como se fosse um ídolo de grupo musical. Os sinais emitidos por Lula até o momento colocaram na moda a palavra confiança. Segundo a pesquisa, mesmo os que não votaram nele acreditam que seu governo pode dar certo. Com tudo isso, o dólar vem caindo e a Bolsa subindo.

Se a palavra é confiança, duas são as metas prioritárias: o pacto político pela governabilidade e o pacto social. No primeiro caso, parece estar surtindo efeito a delicada costura com o PMDB. E o social também está indo bem. Na quinta-feira 7, reuniu-se em volta de Lula a nata da sociedade civil para discutir o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Empresários, banqueiros, industriais, representantes sindicais e de ONGs aplaudiram de pé o novo presidente. A reunião, cujos desdobramentos devem desovar uma agenda mais nítida, foi um sucesso e mostra que a lua-de-mel deve durar.

A palavra calote continua fora do vocabulário, mas quando aparece, mesmo que por engano ou incompetência, faz estragos. Uma infeliz notícia de que a prefeitura petista de São Paulo ia rolar uma parcela de sua dívida com a União trouxe de volta o caos ao mercado na quarta-feira 6. O fato deixou indignados o secretário de Finanças, João Sayad, a prefeita Marta e o próprio Lula, que se apressaram em desmenti-lo. A palavra do presidente eleito bastou para apagar as chamas: nos dias que se seguiram, o dólar voltou a cair e a Bolsa a subir. O que foi muito bom. O que não é nada bom é que o fato mostrou que ainda é tênue a fronteira entre a alegria e a tristeza e que todo o cuidado é pouco.