Agência-Brasil15.06.2012FP(43).jpg

O Brasil deve assumir hoje (15) a presidência da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, após o encerramento oficial das reuniões dos comitês preparatórios – conduzidas pela Organização das Nações Unidas (ONU). A disposição é que, nesse período, os negociadores brasileiros apresentem sugestões insistindo nas definições de metas, recursos e transferência de tecnologias limpas – dos países ricos para os em desenvolvimento.

O momento exato em que o Brasil assumirá o comando da Rio+20 não é preciso porque depende do encerramento oficial das reuniões dos comitês preparatórios. É possível que o Brasil assuma a presidência na noite de hoje ou na madrugada de amanhã (16).
 
O secretário executivo da delegação brasileira na Rio+20, embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, negou que o Brasil pretenda apresentar um texto paralelo ao negociado ao longo da conferência. Segundo ele, os esforços brasileiros são para buscar o consenso, mesmo diante das divergências. Com a presidência do Brasil na Rio+20, as negociações se manterão com os embaixadores André Corrêa do Lago, chefe da delegação brasileira, e o secretário executivo do Brasil, Figueiredo, sob coordenação do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. A presidenta Dilma Rousseff assume o comando nas reuniões plenárias a partir do dia 20 até 22.
 
Os desafios do Brasil são incluir, de forma detalhada, as questões relativas às definições de metas como compromissos formais dos 193 países que integram as Nações Unidas no que se refere ao desenvolvimento sustentável, garantias de recursos para a execução das propostas e meios de assegurar transferência de tecnologias limpas.
 
As dificuldades envolvendo as negociações cercam interesses políticos e econômicos divergentes, pois as prioridades dos países desenvolvidos diferem das apresentadas pelos países em desenvolvimento.
 
Os negociadores dos países ricos argumentam que não é possível estimar aumento de recursos no momento em que há o agravamento da crise econômica internacional, interferindo diretamente na definição de metas, assim como resistem em aceitar a proposta de transferência de tecnologias limpas – que envolvem negociações sobre patentes.
 
Na Rio+20, estrangeiros criam mundo à parte
 
 
Durante dez dias, o Rio de Janeiro será um pequeno mundo à parte, no qual há estrangeiros vestidos com seus trajes típicos, falando os mais diferentes  idiomas e mantendo seus hábitos culturais. É a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Só para a cobertura de imprensa, 3 mil jornalistas estão credenciados para o evento. No pavilhão da alimentação no Riocentro, local destinado às discussões políticas, os estrangeiros se reúnem e elogiam a forma como são tratados pelos brasileiros.
 
A delegação do Sri Lanka, com 13 pessoas, costuma se reunir na hora das refeições. Segundo os jornalistas, é uma maneira para manter os assuntos em dia e trocar impressões. Nilanthi Sugathadasa, do Sri Lanka, disse estar otimista em relação às negociações na Rio+20. Também elogiou as belezas naturais do Rio. “A cidade é linda e estão nos dando um ótimo suporte. Está muito bom”, disse ela.
 
O norte-americano Peter Haztewood lembrou que as negociações ainda estão “só no começo”, mas que é possível manter o otimismo sobre os avanços que serão alcançados. Segundo ele, o ponto alto dos debates se refere à economia verde. Ao ser perguntado sobre as impressões a respeito do Brasil e do Rio de Janeiro, o norte-americano abriu um sorriso e disse: “Eu amo o Rio. Eu amo o Brasil”.
 
O jornalista de Fiji (na Oceania) Alfred Ralifo disse que no caso do seu país o debate mais importante se refere à preservação dos oceanos e da proteção da biodiversidade em alto-mar. Segundo ele, sua expectativa é que o tema tenha destaque no documento final, a ser firmado pelos chefes de Estado e de Governo, no dia 22. Modernamente vestido e articulado, Ralifo foi categórico ao falar do Brasil e do Rio. “É lindo. Amo o Rio e amo o Brasil”, disse ele.
 
As africanas de Gana Sabina Meusah e Nana-Fofu Randall disseram ter uma impressão positiva sobre o Brasil a partir da recepção no aeroporto, quando ouviram samba e bossa nova. Ambas lembraram que as negociações na Rio+20 estão apenas no começo, mas que esperam avanços principalmente para os países da África. “Agora temos voz. Aqui somos ouvidos”, disse Meusah. “Para mim, o mais importante é a inclusão social, a preocupação com o futuro das crianças”, acrescentou Randall.