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EM BUENOS AIRES
Leguizamón é um dos 140 profissionais contratados
por uma empresa brasileira na Argentina

Do escritório em Buenos Aires, o técnico em infraestrutura Alejandro Leguizamón, 48 anos, e outros 139 profissionais orientam clientes da África do Sul e de toda a América Latina na resolução de problemas nas redes de computador e de telefonia. Quando o contato a distância não é suficiente, eles enviam funcionários às sedes das empresas. Todo o trabalho de suporte é organizado a partir da Argentina, apesar de eles serem contratados de uma multinacional brasileira, a Asyst International. “Já trabalhei em corporações de vários países. Não existem diferenças fundamentais entre elas, mas em uma empresa do Brasil as semelhanças culturais ajudam a aproximar a equipe”, diz Leguizamón, em bom portunhol. A situação se repete em outras companhias de tecnologia da informação (TI) nacionais e é consequência da carência de mão de obra qualificada e dos elevados custos desses profissionais no País.

Aqui, o déficit chega a 50 mil trabalhadores, segundo dados do setor, e tende a crescer (leia quadro). Faltam de analistas de sistemas a administradores de redes. Com isso, a pouca mão de obra existente acaba ficando cara – a média dos salários de TI é de R$ 2.950, o dobro da nacional, de R$ 1.499. E os hermanos fazem o mesmo serviço por metade da remuneração dos brasileiros. “A Argentina oferece também boas oportunidades no mercado interno, maiores do que em outros países da América do Sul”, avalia Arnoldo Mendonça, diretor de operações da Asyst International. Os argentinos comemoram. “Não sei se valeria a pena me mudar para o Brasil para ganhar um salário maior porque o custo de vida também aumentaria”, diz Lionel Fernandez, funcionário da Stefanini, outra multinacional brasileira de TI. “E trabalhar de Buenos Aires para uma empresa brasileira nem exige esforço de adaptação: até a língua aprendemos com facilidade.”

Nesse setor, é comum trabalhar remotamente, mas muitos fatores além do preço precisam ser levados em consideração na hora de decidir onde fincar a base. Segundo Luiz Gustavo Massuia, superintendente de TI da Prosegur, empresa espanhola de segurança privada que transferiu do Brasil para a Argentina toda a área de tecnologia, a mão de obra na Índia, por exemplo, é uma das mais baratas. “Mas os argentinos são mais flexíveis, como os brasileiros, o que permite a estruturação conjunta das operações. Esse fator cultural é determinante”, resume Massuia. Um ponto a mais para os hermanos.

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