chamada.jpg
COMPANHEIROS DE VIAGEM
Lucio Mauro Filho, Malu Rodrigues, Pierre Baitelli
e Nicola Lama: música e sonhos

A garota Dorothy que só deseja voltar para casa, o Homem de Lata que sonha em ter um coração, o Leão Covarde em busca de coragem e o Espantalho atrás de um cérebro se encontram na estrada amarela em “O Mágico de Oz”, uma superprodução musical de R$ 9 milhões em cartaz no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. Baseada na montagem da Royal Shakespeare Company, de Londres, esse é o espetáculo que mais se aproxima do filme de Hollywood lançado em 1939, como uma das primeiras experiências de cinema em cores. É nele, também, que se começou a descobrir a importância dos efeitos especiais.Tais efeitos chegam agora ao auge da sofisticação com projeções digitais e a tecnologia aparece até nos pés de Dorothy, a protagonista interpretada no cinema por Judy Garland e vivida no palco por Malu Rodrigues, calçada com sapatinhos vermelhos iluminados por LEDs que refletem cristais. Nos bastidores, poucos minutos separam o visual de fazendeiros do início do século das vistosas fantasias do Leão Covarde (Lucio Mauro Filho), do Homem de Lata (Nicola Lama) e do Espantalho (Pierre Baitelli). A caracterização obedece aos traços concebidos pelo estilista Fause Haten, responsável pelo figurino, que atualizou os personagens sem abandonar de todo o estilo consagrado pelo filme. Outra exigência foi a praticidade, já que as roupas são trocadas durante a peça em um exíguo espaço com menos de oito metros quadrados.

img.jpg
METAMORFOSE
A transformação de Lucio Mauro Filho, que usa um
figurino de dez quilos, leva 20 minutos

Na versão cinematográfica, a fantasia do Leão Covarde pesava 40 quilos e, sob as luzes do estúdio, fazia a temperatura corporal do ator Bert Lahr chegar a 40 graus. A roupa atual, embora ainda pese cerca de dez quilos, é bem menos incômoda. A maquiagem dá o toque final ao visual de 300 figurinos usados por 36 atores, numa corrida contra o tempo que se inicia duas horas antes da sessão. Valendo-se dos melhores produtos, nem lembra a pasta de alumínio que, no filme, levou o ator Buddy Ebsen ao hospital, intoxicado com a máscara aplicada em seu rosto para viver o Homem de Lata. Muito mais práticas e seguras são as placas de silicone coladas na face de Nicola Lama e Pierre Baitelli, que também agilizam o retorno dos personagens à aparência antiga quando voltam ao palco com suas roupas originais. O Homem de Lata, por exemplo, não usa roupa de metal e sim de lâminas de alumínio coladas a superfícies de borracha para dar mais leveza e flexibilidade. Até o machado é estilizado. “É muito leve, mas também é muito quente”, diz Lama. Na montagem da armadura, duas pessoas se revezam apenas para prender fivelas e velcros.

Não menos trabalhosa é a metamorfose do Leão Covarde, de Lucio Mauro Filho, que consome até 20 minutos. Pele falsa, macacão e peruca são vestidos em fases intercaladas com a maquiagem feita na hora. Na versão atual, uma novidade: o personagem deixa clara a sua opção gay. “Seria um preconceito se eu não mostrasse a afetação do Leão”, diz o diretor Charles Möeller, que divide a tarefa com Claudio Botelho. Os apliques e próteses colocados na comediante Maria Clara Gueiros, a Bruxa Má do Oeste, são o ponto alto do espetáculo: ela “derrete” em pleno palco, num efeito especial estonteante. A Dorothy de Malu Rodrigues tem voz potente e afinada. No ar na série “Tapas e Beijos”, da Rede Globo, ela cobriu os cabelos louros com uma espessa peruca morena: “Demoro duas horas para concluir a caracterização.” Em participação especial, Luiz Carlos Miele, aos 73 anos, assume o papel do Mágico de Oz.  

img1.jpg