Sob aplausos, Pelé avança sobre o gramado do Maracanã. Não se trata de replay da fase em que ele era o rei dos gramados. Desta vez, o maior jogador de todos os tempos entra no estádio carioca para convocar boa parte da população masculina a ter uma conversa franca com o médico.
O atleta é o protagonista de uma campanha mundial, composta de comerciais e anúncios, que pretende estimular a ida a consultórios de homens que, em silêncio, sofrem de impotência. Patrocinado pelo laboratório Pfizer, esse trabalho foi apresentado na semana passada em Tóquio, no Japão. Ele será veiculado em 56 países, entre eles o Brasil e os Estados Unidos. Seu público-alvo é vasto. Calcula-se que 140 milhões de homens tenham algum tipo de disfunção erétil (incapacidade de manter a ereção por motivo orgânico ou psicológico). Deles, 11 milhões são brasileiros. O filme estrelado por Pelé vai ao ar no domingo 31.

A campanha foi criada com base em uma pesquisa mundial encomendada pela Pfizer, fabricante do Viagra. O estudo analisou a qualidade da relação sexual de 26 mil participantes de 29 países, com idades entre 40 e 80 anos. O trabalho mostrou que cerca de 33% dos homens não tinham feito sexo nos dois meses anteriores ao levantamento. Entre os motivos da abstinência estava a disfunção erétil. A pesquisa constatou também que quem sofria do distúrbio dificilmente procurava o médico por sentir medo ou vergonha de tocar no assunto. De acordo com o relatório, os homens só batem à porta do consultório quatro anos após o problema aparecer. Até lá, acabam sofrendo. “A falta de relação sexual traz prejuízos para a pessoa, como queda da produtividade no trabalho e diminuição da auto-estima”, afirma Valdair Pinto, diretor médico do laboratório no Brasil.

Por isso, a campanha quer conscientizar a população masculina da necessidade de não fugir do problema. “A idéia é mostrar que o primeiro passo é estimular o diálogo entre médico e paciente para contribuir na melhora da qualidade de vida sexual”, diz Eric Wroclawski, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, que apóia a campanha. Para passar essa mensagem, Pelé aparece em campo relembrando a importância do futebol em sua trajetória. Em seguida, comenta as dificuldades de se falar sobre a impotência, motivando os portadores do mal a conversar com um especialista. Fora das telas, o rei explica que participa do projeto porque ficou alarmado com os dados. “Fiquei assustado com os números. Acho que, no caso dos brasileiros, muitas vezes a dificuldade em enfrentar o problema está ligada ao machismo”, diz Pelé. O rei garante que não sofre do problema.

É importante saber que a disfunção erétil tem tratamento e pode ser curada. Primeiro, devem-se descobrir as causas da impotência para combatê-la com eficácia. Diabete e doenças cardíacas, por exemplo, estão entre os geradores do distúrbio. Outro fator conhecido é o stress, que libera substâncias no organismo capazes de provocar tensão no corpo. Dessa forma, o pênis também se contrai, provocando a disfunção. Além disso, devem-se levar em conta barreiras psicológicas. Por essa razão, em alguns casos recomenda-se terapia. Hoje, existem no mercado opções de remédios potentes que ajudam na dilatação dos vasos sanguíneos do pênis, facilitando o fluxo de sangue no órgão e a ereção. Se as drogas não apresentam resultados satisfatórios, pode-se recorrer a injeções locais e, em último caso, a próteses penianas.