Tornar-se invisível ao olho humano deixou de ser pura ficção científica. A fantasia que inspirou o escritor inglês H.G. Wells em O homem invisível (1897) foi levada ao cinema pelo diretor holandês Paul Verhoeven em O homem sem sombra (2000), e agora entrou para a arena militar. O renomado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, acaba de fechar um acordo de US$ 50 milhões com a Força Aérea americana para desenvolver, em cinco anos, produtos que possam incrementar a segurança dos soldados e equipá-los com o que há de mais moderno em tecnologia. Não será a primeira vez que o MIT colabora em projetos voltados à segurança militar. Na Segunda Guerra Mundial,foram os radares que sinalizavam a chegada de aeronaves inimigas e, durante a guerra fria, seus cientistas trabalharam nos mísseis autoguiados.

Entre as pesquisas em andamento está o uniforme camuflado que torna o soldado imperceptível. Isso ocorre devido a um sistema de sensores aplicados ao tecido da roupa para que ela seja capaz de refletir com perfeição as características do local onde está. O combatente se torna literalmente parte do ambiente. A técnica conta com processos químicos que reproduzem as nuances de cores ao seu redor, como se fosse um autêntico camaleão.

O uniforme inteligente foi desenvolvido no Instituto de Nanotecnologias para Soldados do MIT, fundado exclusivamente para criar aparatos de proteção militar. Nanotecnologia, como o nome sugere, é a utilização
de materiais e sistemas compostos de partículas tão pequenas quanto
os átomos, com tamanho que corresponde à bilionésima parte de um metro. São pequenos, mas capazes de armazenar tecnologias de ponta. “Nada tornará os soldados invencíveis, mas é possível diminuir o peso
de equipamentos em seus ombros usando aparelhos menores e roupas inteligentes”, explica a engenheira Alice Gast, vice-presidente
do instituto.

A roupa permite ainda o engessamento imediato de uma perna ou de um braço fraturados em combate. No interior das fibras há um fluido que pode se tornar sólido como uma tala de gesso toda vez que o tecido é perfurado por um projétil. Ainda em fase de estudos estão os coturnos com propulsão que permitirão aos soldados saltar a grandes distâncias. Na vida real, ao contrário da ficção, a invisibilidade pode ser a diferença entre a vida e a morte.