Dentro de poucos dias o Brasil receberá inúmeras delegações internacionais com diplomatas, chefes de Estado, ambientalistas, cientistas, empresários e estudiosos para debater, mais uma vez, o desenvolvimento sustentável do planeta. A pauta é vital. A qualidade dos participantes, indiscutível. Mas as chances de resultados práticos parecem ínfimas diante da constatação de que nesses fóruns a maioria dos países, historicamente, persegue propostas que não comprometam suas economias – um objetivo que se acentua ainda mais em tempos de crise. A simples ausência de nomes como o do americano Barack Obama e o da alemã Angela Merkel não traz bons auspícios de sucesso da empreitada. Nos últimos anos, a preservação foi um tema que, embora debatido à exaustão, avançou em ritmo lento e está lamentavelmente longe de provocar mudanças significativas de comportamento social no mundo como um todo. A conscientização atinge até hoje parcelas ínfimas da população, insuficientes para o tamanho do desafi o que se tem pela frente.
Para garantir a sobrevivência das próximas gerações, a partir da proteção do ambiente em que vivemos, muito está por ser feito. Intenções genéricas, sem tratados efetivos e sem o estabelecimento de metas e regras nesse sentido, só irão piorar o quadro e atrasar, de maneira crítica, a inevitável batalha que a humanidade terá de travar para salvar o planeta. Relatórios alarmantes de agravamento do cenário não param de surgir. Um deles, mais recente, toca justamente na questão que parece incomodar governantes preocupados com a reação de seus eleitores: o custo da ausência de práticas preservacionistas. 
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) deverá divulgar na Rio+20 um estudo mostrando que as mudanças climáticas já provocam um prejuízo rotundo, da ordem de US$ 100 bilhões por ano, somente na América Latina. E a falta de vontade política para mudar a situação está na raiz do problema. O status quo de paralisia das autoridades só será revisto a partir da pressão social e a capital fluminense, que há exatas duas décadas abrigou a conferência-mãe das discussões, a Rio-92, pode ser o palco ideal para essa mobilização. Ninguém deve perder a chance de ali influir positivamente para a adoção de transformações que beneficiarão a todos. Quem sabe dessa maneira novas soluções e compromissos sairão finalmente do campo das ideias à prática.