Dilma Rousseff ainda é uma presidenta em busca de uma marca. Mas ela já está bem perto de encontrá-la. Depois da “faxina” do primeiro ano, inaugurou sua agenda positiva com a guerra contra os juros altos. E, de repente, descobriu-se que, ao contrário do que diziam muitos economistas, não há nenhuma razão para que o Brasil seja diferente de todos os outros países do mundo.

Do lado do consumidor, há um bombardeio diário de mensagens positivas. O crédito imobiliário foi esticado para 35 anos, os financiamentos de veículos ficaram mais baratos e todas as modalidades de empréstimo se tornaram menos onerosas.

O lado B dessa nova política monetária, cuja história ainda não foi totalmente contada, é o impacto extremamente positivo nas contas do governo. Em abril, a dívida líquida do setor público havia caído para 35,7% do PIB – quase a metade do que era há dez anos. E, como o governo é o grande pagador de juros, uma taxa menor libera recursos para outras atividades. Ou seja: o setor público agora dispõe de instrumentos para estimular a economia também pelo lado fiscal.

Não foi por acaso, portanto, que o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, deu entrevistas condenando a altíssima carga tributária incidente sobre as telecomunicações. Dilma também determinou que os ministros de Minas e Energia, Edison Lobão, e da Fazenda, Guido Mantega, fizessem estudos sobre a redução dos impostos no setor de energia elétrica. Assim como não havia justificativa convincente para juros tão altos, também não há razão para que o brasileiro pague as contas de luz e telefone mais altas do mundo – recebendo serviços que ainda deixam a desejar.

A agenda deste governo – e a bola está quicando na grande área – pode ser a do preço justo. Afinal, país rico não é só um país sem pobreza. País rico será aquele em que todos os cidadãos possam ter acesso a bens e serviços, pagando o que se paga no resto do mundo. Atacar o custo Brasil pela ótica do consumidor pode vir a ser o grande legado de Dilma.