O desejo e a capacidade de fantasiar, inventar e brincar é inerente das crianças. Elas trazem isso no jeito inquieto, no olhar perdido no mundo do faz-de-conta e na energia que têm de sobra. Mas que tal instigar esse potencial com um convite atraente na própria roupa que a criança vai vestir? Foi o que fez a grife mineira Panderolê, lançando camisetas feitas para brincar. Práticas e divertidas, as peças interativas resgatam a simplicidade dos jogos de rua, a graça das charadas e o encantamento de histórias clássicas, como a de Rapunzel, dos Irmãos Grimm. Além de apliques e estampas, as camisetas guardam segredos em seus bolsos, zíperes e mangas: são dadinhos, bonequinhas, dedoches e outros apetrechos para compor as histórias e brincadeiras. A da amarelinha, por exemplo, traz o desenho do jogo e um pequeno poema que explica as regras, uma casca de banana de pano para se jogar nas casas e giz para desenhar as quadras no chão. Com boa aceitação em livrarias e lojas de brinquedos pedagógicos em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, as camisetas tiveram a produção quintuplicada desde o tímido lançamento há cerca de um ano, passando de 200 a mil unidades por mês.

A idéia de confeccionar uma roupa interativa começou a dançar na cabeça de três sócios mineiros – o microempresário Geraldo Freitas, o desenhista Aleixo da Cruz e a artista plástica Margareth Araújo – numa época de vacas magras de sua empresa, a Assessoria de Moda, que produz camisetas promocionais. Ligados ao teatro infantil em sua comunidade, não demorou para que unissem o lazer ao tino comercial. “Queríamos diversificar e, como estávamos sempre envolvidos em alguma atividade com as crianças, a criação veio naturalmente. Um dava uma idéia, outro complementava”, conta Freitas.

Alem de entreter, as camisetas levam aos pequenos noções de cidadania. Na do Eugênio, um boneco que vem preso com velcro, a criança tem que ajudar a encontrar o lugar certo para colocar o lixo – no caso, seu pequeno bolso. “A roupa é curiosa exatamente pela interação que oferece. A criança tanto pode brincar com a camiseta como aprender um jogo antigo, como o das cinco Marias”, opina Patrícia Faria, proprietária da Hortelã Brinquedos Educativos, loja de São Paulo que tem vendido cerca de 50 peças por mês. Já Rui Lima, proprietário da livraria carioca ABC do Q, destaca a originalidade das peças e a atração que elas exercem nos adultos. “As pessoas lembram da própria infância”, diz ele. As camisetas-brinquedo, que custam em média R$ 20, têm sido usadas por mães, contadores de história e professores. “Além de presente múltiplo, elas oferecem conteúdo”, assinala Celina Bodenmuller, da Dragãozinho, também de São Paulo.