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BOLA PRA FRENTE
Em busca da reeleição, Obama sofre para convencer
os jovens, seus tradicionais apoiadores, a irem às urnas

Em pontas opostas do espectro político americano, Barack Obama, atual presidente e candidato à reeleição, e Mitt Romney, candidato do Partido Republicano, sabem que, a seis meses das eleições, o que importa é a confirmação dos votos nos chamados Estados-chave. Desde a eleição de John F. Kennedy, em 1960, a conquista de dois dos três swing states (Flórida, Ohio e Pensilvânia) foi fundamental para a chegada à Casa Branca. Somados, esses colégios eleitorais são responsáveis por 67 dos 270 delegados necessários para a consolidação da vitória. Por isso mesmo, as pesquisas de intenção de voto que mostram Romney à frente de Obama na Flórida indicam que o jogo pode ter mudado. Surfando até há pouco tempo nos indicadores que mostravam uma recuperação da economia, Obama se manteve afastado de contendas eleitorais, enquanto seus adversários promoviam uma longa e agressiva campanha primária para decidir quem seria o candidato do partido. À medida que a votação se aproxima, o crescimento tímido do PIB (projeção de 2,5% para 2012, muito pouco diante de uma base comparativa inexpressiva) e o desemprego ainda alto (8,1%) dão cada vez mais espaço ao conservadorismo de Mitt Romney.

Em 12 Etados-chave, uma pesquisa do instituto Gallup mostrou Obama com 47% de apoio e Romney com 45%. Considerando a margem de erro em quatro pontos percentuais, eles agora estão tecnicamente empatados. “Todas as pesquisas mostram a economia e assuntos correlatos como as questões mais importantes”, disse à ISTOÉ Jennifer Marsico, pesquisadora do American Enterprise Institute. “Com a chegada do verão e o preço da gasolina em alta, as pessoas vão perceber que as viagens de carro ficaram mais caras, o que pode afetar a confiança do consumidor.” Para Jennifer, o equilíbrio é natural. “As pessoas começaram a ver Romney, que inspirava pouco entusiasmo, como um potencial presidente.” Em abril, a arrecadação de recursos para a campanha, termômetro que aponta o engajamento dos eleitores, mostrou Romney com US$ 40,1 milhões captados, ante US$ 43,6 milhões de Obama. Trata-se de uma distância ínfima diante da diferença de 76% a favor do democrata no total arrecadado em março.

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EM ALTA
O conservador Mitt Romney encostou no rival também na
arrecadação de recursos: foram US$ 40,1 milhões só em abril

Durante a campanha de 2008, Obama ganhou força ao evocar uma imagem de renovação após oito anos de governo Bush, mas não contava com a crise econômica. Com a desvalorização do mercado imobiliário e a quebra de grandes empresas, o país teve que enfrentar um período de desconfiança e escassez de crédito, o que afetou tanto as contas públicas quanto a popularidade da administração federal. Coube ao presidente democrata o ônus da decepção. “Acredito que o presidente deve estar perturbado pela falta de progressos desde a posse”, provocou Romney em discurso crítico ao sistema educacional na semana passada. “Provavelmente, ele gostaria de ter feito mais.”
Quando anunciou seu apoio ao casamento gay em uma entrevista para a televisão, o presidente calculou determinar um ponto de diferença inconciliável com seu rival. O ex-governador de Massachusetts Mitt Romney, que é mórmon, havia afirmado que “o casamento institui uma relação entre um homem e uma mulher”. Mas o posicionamento de Obama não rendeu os dividendos eleitorais que esperava. Embora a opinião favorável aos homossexuais seja compartilhada por 51% dos americanos, apenas 13% disseram estar mais seguros na escolha para presidente após a declaração. Na Carolina do Norte, onde Obama teve uma vitória apertada em 2008, a união entre pessoas do mesmo sexo foi proibida.

As pesquisas mostram ainda que, enquanto Romney lidera entre os homens e os mais velhos, a vantagem de Obama é significativa entre o eleitorado feminino. Ainda mais expressivo é o fato de que 64% dos eleitores de 18 a 29 anos torcem pelo democrata. Em contrapartida, em uma campanha eleitoral que fala de recuperação em vez de transformação e em um país onde o voto não é obrigatório, os jovens não parecem animados a ir às urnas em 6 de novembro. Quase metade dos cadastrados como eleitores nessa faixa etária não pretende votar, de acordo com o Gallup. Em outros grupos, a porcentagem dos que votarão está acima de 80%. Os votos dos hispânicos podem fazer a diferença e esse cortejo promete ser ainda mais concorrido. “O presidente Obama quebrou sua promessa de introduzir uma reforma da imigração durante seu primeiro ano de mandato e deportou 1,2 milhão de latinos”, disse Charles Garcia, presidente de uma empresa voltada ao mercado hispânico, em um artigo para a rede CNN. “Mitt Romney quer tornar a vida dos trabalhadores hispânicos ilegais tão insuportável que eles vão querer se autodeportar.” Declarações como essas revelam que o jogo deve mesmo esquentar.

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