A FILHA DO GENERAL Mostra a vitória de Michelle Bachellet nas urnas chilenas  


 

Setembro de 2005, o Afeganistão faz as primeiras eleições legislativas em 35 anos. A jovem Malai Joya tenta terminar sua campanha política enfrentando ameaças de morte. Enquanto isso, no Chile, Michelle Bachellet, após uma trajetória de luta e resistência superando a tortura e o assassinato de seu pai que fora ministro de Salvador Allende, torna-se a primeira mulher presidente daquele país. Não muito longe dali, depois de fazer a vida em Israel, uma exilada boliviana volta à casa dos pais para reencontrar seus filhos.

Além de valiosas abordagens sobre o papel da mulher no mundo contemporâneo, essas histórias são, também, contadas por mulheres. Inimigo da felicidade, de Eva Mulvad e Anja Al-Erhayem, A filha do general, de Maria Elena Wood, e Uma mãe trabalhadora, de Limor Pinhasov, estão no 12º Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade que, na quinta-feira 22, chega à sua 12ª edição no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Este é um ano de forte presença de realizadoras”, diz o crítico Amir Labaki, diretor do festival. “Basta ver que sete dos 14 longas internacionais concorrentes, seis dos curtas internacionais e dois dos longas brasileiros em disputa são assinados por cineastas mulheres.” A crescente projeção de realizadoras é ótima notícia que confirma o documentário como território de transformação. O festival, no entanto, está longe de ser uma mostra de uma nota só – prima por notável diversidade temática e estilística e pela composição de panoramas da produção brasileira e mundial. Na busca de equilíbrio entre o cineasta veterano e o novo talento, É Tudo Verdade contempla desde uma homenagem a Linduarte Noronha e seu Aruanda (1960, que fez nada mais, nada menos que deflagrar o Cinema Novo) até o novo filme de Kiko Goifman, Handerson e as horas (2007), passando pelo comovente Iraque em fragmentos (2006), finalista do Oscar e premiado em Sundance. Impecável retrato de um país partido em três etnias, o filme do americano James Longley apresenta os cotidianos de um menino sunita, de um jovem xiita e de um garoto curdo. Mulheres, no filme, aparecem uma só vez, em uma zona eleitoral de uma pequena cidade curda. O suficiente para atestar o avanço de determinadas regiões em relação a outras, na batalha da mulher contra valores tradicionais opressivos. Na competição brasileira, vale observar Descaminhos (2007), novo trabalho da jovem realizadora mineira Marília Rocha, que na edição passada levou o prêmio de melhor documentário brasileiro com Aboio. O festival entrou para a era do compartilhamento de vídeos e colocou no YouTube os trailers dos curtas e longas em competição.

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INIMIGO DA FELICIDADE As primeiras eleições do Afeganistão em 35 anos

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