É como se fosse uma competição da natureza na qual todo o Pais torceu pelo contrário – torcia-se para que um recorde não fosse batido, e isso em nome da população do Amazonas. Na quarta-feira 16, no entanto, veio o indesejável recorde de um centímetro a mais, e o Rio Negro chegou em sua cheia a 29,78 metros contra a marca histórica de três anos atrás de 29,77. Parece nada, mas, no caso, cada centímetro de água significa quilômetros de tragédia – dos 62 municípios amazonenses, 56 estão em estado de emergência ou calamidade. Na quinta-feira 17, o rio se avolumou dois centímetros e a expectativa é que chegue a 30,13 metros. É a maior cheia em toda a sua história: aproximadamente 80 mil famílias estão em situação precária, cerca de 15 mil somente em Manaus. Em todo o Estado falta alimentação e energia elétrica, o serviço hospitalar entrou em colapso, a remoção de moradores é cada vez mais difícil.