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VÍTIMA
Roberto Adinolfi, executivo da Ansaldo Nucleare,
foi baleado em uma rua de Gênova, na Itália

Em nome da defesa do meio ambiente e dos direitos dos animais, muitos ativistas pelo mundo já tomaram atitudes radicais, como invadir e depredar propriedades, atear fogo em instalações e até atacar e afundar navios pesqueiros. Agora, um grupo italiano cruzou de vez a linha que separa o ativismo da estupidez absoluta. Na semana passada, dois membros da organização anarquista batizada de Olga Nucleus of the Informal Anarchist Federation-International Revolutionary Front balearam Roberto Adinolfi, diretor-executivo da empresa de energia nuclear Ansaldo Nucleare, que faz parte da Finmeccanica, estatal italiana de defesa e ciências aeroespaciais. Adinolfi foi ferido nas pernas, mas passa bem.

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Em carta enviada ao jornal “Corriere Della Sera” logo depois do atentado, o grupo afirma que é só uma questão de tempo para que uma “Fukushima europeia” acabe com o continente, fazendo referência à cidade japonesa que foi atingida por um terremoto seguido de tsunami em março de 2011. Dias depois, o mesmo grupo divulgou outra carta, na qual ameaça matar o primeiro-ministro da Itália, Mario Monti. O texto se posiciona contra as medidas de austeridade implementadas pelo governo e diz que Monti estaria entre os “sete alvos restantes”.
Segundo Miroslav Mares, professor de ciências sociais da Universidade de Masaryk (República Tcheca) e especialista no estudo desse tipo de movimento, esse extremismo tem origem não apenas na luta a favor da preservação ambiental, mas em fatores sócio-econômicos mais profundos. “Em tempos de crise podemos observar uma radicalização geral da política, abrindo espaço para tendências violentas”, diz o professor. “Nesse contexto, é possível que haja um aumento de agressividade entre movimentos ambientais”, afirma.

Mas ele ressalta que é importante diferenciar o radicalismo do extremismo ambiental. Ambos se caracterizam por um sentimento de rejeição pelas instituições e podem incluir o uso de meios ilegais para alcançar objetivos, como a invasão de uma propriedade. Mas os radicais rejeitam o uso de violência, diferentemente dos extremistas.

A tendência tem encontrado espaço nos EUA, Canadá, Europa Ocidental e, mais recentemente, também na Europa Oriental. “Esses grupos estão conectados ao crescimento de movimentos anti-industriais, e a cena de extrema-esquerda tem sido importante para a ascensão do radicalismo e extremismo ambiental”, conclui Mares.

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