chamada.jpg
"Minha linhagem de brasileiros ilustres passa por
Vargas, João Goulart e Brizola"

Brizola Neto, novo ministro do Trabalho

Anomeação do deputado Brizola Neto (PDT-RJ) para o comando do Ministério do Trabalho, confirmada na última semana pela presidenta Dilma Rousseff, manteve a toada das recentes indicações de ministros. Alheia às pressões inerentes ao jogo político, Dilma mais uma vez fez prevalecer sua vontade e deixou claro aos partidos aliados que todos terão espaço no governo, desde que os nomes apresentados nutram de sua simpatia. Mas uma peculiaridade envolveu a nomeação de Brizola Neto. A escolha se deveu, acima de tudo, às raízes familiares do novo ministro. No discurso, Neto é um autêntico Brizola. Lembra o avô, o caudilho Leonel Brizola e carrega consigo a história de seu tio-avô, o ex-presidente João Goulart. Defende a modernização das relações do trabalho, como a flexibilização da CLT, a união das centrais sindicais e a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais. “Ele reforça em meu governo o reconhecimento no trabalhismo no Brasil. Brizola Neto ocupará o ministério que Getúlio Vargas criou com visão de estadista e Jango comandou com visão social”, afirmou a presidenta durante cerimônia de posse. “Minha linhagem de brasileiros ilustres passa por Vargas, João Goulart e Brizola”, reforçou Neto logo que foi empossado. Os temas, no entanto, defendidos com unhas e dentes pelo novo ministro não são unanimidade no PDT nem no governo. Por isso, ele já assume em meio à polêmica. “Havia três candidatos em um partido que é de tamanho médio, então a tendência é de ter um puxando para um lado e outro, para o outro”, disse Paulinho da Força (PDT-SP), um dos mandachuvas do partido, lembrando que a escolha de Brizola Neto não foi unânime no PDT.

img.jpg
O HERDEIRO
Brizola Neto assume o Trabalho prometendo maior sintonia com a presidenta Dilma

Foi o racha no PDT que obrigou Dilma a levar cinco meses para nomear o ministro do Trabalho. Enquanto aguardava, a presidenta entregou as principais atribuições da pasta ao ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência. Mas concluiu que não seria bom passar o dia 1o de Maio sem um nome definitivo no cargo. Às vésperas do Dia do Trabalho, chamou Carlos Lupi, presidente do PDT e ex-ministro do Trabalho, e anunciou sua decisão. O ex-ministro contemporizou: “Sempre estou satisfeito, até quando apanho.” Pedetistas históricos, no entanto, que romperam com Lupi, dizem ter esperanças de que Brizola Neto devolva à legenda os preceitos do trabalhismo. “Vamos ajudar a dirimir as arestas”, diz nota do Movimento de Resistência Leonel Brizola, uma dissidência do PDT. Ministro mais novo da Esplanada, Brizola Neto, 33, conta com o apoio dessa parcela do partido, insatisfeita com a excessiva influência de Lupi na pasta, para promover mudanças. Lupi havia criado um feudo particular. Abrigou fiéis correligionários e turbinou centrais sindicais, numa brecha que lhe permitiu contratar entidades e ONGs ligadas ao PDT para capacitar mão de obra. Brizola Neto promete abolir essas práticas e atuar em sintonia com o Planalto.

O novo ministro nasceu em Porto Alegre, mas foi com os pais para o Uruguai, acompanhar o exílio do avô. Em 1979, com a anistia, a família inteira mudou-se para o Rio de Janeiro. Filho caçula do ex-deputado João Vicente, ele tem dois irmãos gêmeos: Juliana Brizola, deputada estadual pelo PDT-RS, e Leonel Brizola Neto, vereador pelo PDT-RJ. Mas Carlito foi o primeiro a se dedicar à política. Aos 16 anos, decidiu trabalhar com o avô e depois adotou o nome de guerra Brizola Neto. Hoje, tem a missão de reorganizar o partido criado pelo ex-governador. “É bom Brizola Neto gostar de ondas altas e emoções fortes. Para unir o PDT, vai precisar de muito esforço”, diz o deputado estadual Paulo Ramos (RJ).

Em relação à polêmica flexibilização da CLT, que encontra resistência em setores do governo e do PT, o projeto passa por redação final na Casa Civil e será encaminhado à Câmara. A ideia é permitir que empresas e sindicatos assinem acordos coletivos com regras mais elásticas, como redução do horário de almoço e parcelamento de férias. Pelo texto, apenas a aposentadoria e o FGTS não poderiam ser negociados. Os acordos só serão válidos se assinados por sindicatos com representatividade mínima, aprovados por mais da metade dos funcionários. O governo espera, assim, facilitar as negociações com empresas e reduzir o custo da legislação trabalhista. Brizola Neto, com o peso de seu nome, estará à frente dessa tarefa.

img1.jpg