Alguns políticos parecem mesmo um bicho estranho, de difícil compreensão. Passam boa parte da vida apregoando a transparência e procuram em qualquer oportunidade apresentar o discurso da coerência. Mas uma leitura um pouco atenta do noticiário das últimas semanas mostra que a lógica deles é diferente. O certo e o errado, o necessário ou a bravata dependem meramente das circunstâncias.

Em Brasília, tucanos e pefelistas não têm medido esforços para ver em funcionamento a chamada CPI do Apagão Aéreo. Para isso, travam duelos homéricos com petistas na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e até recorreram ao Supremo Tribunal Federal para que a investigação parlamentar tenha início o mais rápido possível. Os petistas, por sua vez, não cansam de resistir. Argumentam que todos os fatos que impuseram à população o caos nos aeroportos brasileiros estão postos às claras e nada precisa ser investigado pelo Parlamento, pois os órgãos competentes já dispõem de todos os elementos para firmarem suas posições.

Quando se trata do acidente ocorrido nas obras da linha 4 do metrô de São Paulo, os discursos se invertem. Agora, os petistas, opositores do governador José Serra, insistem na instalação de uma CPI. Tucanos e pefelistas reagem com fervor. O argumento: os fatos que provocaram o acidente estão postos às claras e nada precisa ser investigado pelo Parlamento, pois os órgãos competentes já dispõem de todos os elementos para firmarem suas posições. Também em São Paulo, os petistas não descartam a hipótese de recorrer à Justiça para ver implantada a CPI. É o discurso de um no bico do outro. Ou será a estrela de uns no peito dos outros?