img1.jpg
REINVENÇÃO
Eletrolivro de Guto Lacaz tem Yves Klein como tema

Em Eletrolivros, Guto Lacaz coloca a história da arte em movimento. Para isso, ele recorre à sua biblioteca pessoal, abre as páginas de seus livros prediletos, localiza fotografias em que os artistas interagem com suas obras e projeta para elas pequenos mecanismos que acionam ações imprevistas. No Centro Maria Antonia, ele apresenta 16 dessas obras cinéticas, que dão nova vida a trabalhos de Man Ray, Flávio de Carvalho, Yves Klein, Mondrian, Kurt Schwitters, Beuys, etc. Sempre trabalhos com os quais a maioria de nós só teve o prazer de se relacionar “por meio de reproduções em livros que tentam suprir a falta de exemplares originais em nossas maiores instituições”, como aponta o crítico Rafael Vogt Maia Rosa, em texto no catálogo da exposição. Mas, com as intervenções de Lacaz, o que podia ser ausência ganha tonalidades de reinvenção e revelação.

Não seria demais afirmar que atrás de cada intervenção se revela uma aula de história da arte. No caso do Eletrolivro dedicado a Nam June Paik (1932-2006), por exemplo, Lacaz se remete ao dispositivo que celebrizou o videoartista coreano. A misteriosa movimentação de um pequeno fragmento de grafite sobre uma fotografia de Paik esconde, em realidade, um ímã e uma história: nos anos 1960, ainda antes que o vídeo tivesse tornado um suporte das artes visuais, o artista aplicava ímãs aos tubos catódicos dos antigos aparelhos de televisão, de forma a desfigurar as imagens televisionadas e criar novas realidades. Os Eletrolivros de Lacaz, portanto, são tão surpreendentes que poderiam reeditar bibliotecas inteiras. “É verdade, essa é uma ideia para todos os livros ilustrados com boas fotos, mas estes eram os que eu tinha à mão – meus mestres”, diz Guto Lacaz. PA