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Há quem diga que o mundo se divide entre quem faz e quem reclama. A moça da foto, não há dúvida, joga no time dos fazedores. Há alguns anos, Fernanda Feitosa percebeu que havia um espaço vazio entre um número grande de pessoas que se encantavam com a arte e seu enorme poder transformador. Pode ser que os vazios tenham mesmo papel fundamental no campo das artes, mas não esse tipo de vácuo. Muita gente interessada por quadros, fotografias, esculturas e outras formas de expressão, por motivos diversos que iam da timidez à falta de tempo ou até de informação, não se via como parte do chamado mundo das artes. Em 2005, Fernanda resolveu juntar 40 das boas galerias do País e uma única estrangeira que topou tomar parte. A SP Arte impressionou desde sua primeira edição. No pavilhão da Bienal (difícil imaginar ambiente mais adequado) tratou de dispor parte relevante dos acervos das galerias, de modo que não só colecionadores tarimbados, mas também um conjunto bem mais amplo de pessoas, pudessem ao mesmo tempo falar com artistas, galeristas e marchands, ver, apreciar, entender, perguntar sobre, checar preços e, pasmem, comprar arte.

Uma das revistas mais influentes do mundo, a “Der Spiegel” alemã, logo nos primeiros anos da iniciativa, classificou a feira imaginada e realizada por Fernanda como uma das molas que projetaram o circuito de artes de São Paulo e brasileiro para um lugar de destaque no cenário mundial. Nas palavras dos jornalistas alemães, tratava-se do “Milagre de São Paulo”. Nessa altura, provavelmente nem a publicação alemã nem a própria Fernanda sequer imaginavam que a SP Arte chegaria à sua oitava edição com nada menos que 110 galerias (das quais 27 de outros países), centenas de artistas e milhares de obras. Galerias importantíssimas como a White Cube da Inglaterra e a japonesa Kaikai Kiki de Takashi Murakami estarão por aqui pela primeira vez, na feira que acontecerá de 10 a 13 de maio no Parque do Ibirapuera. Para quem quiser apreciar, programa excelente que educa e eleva a alma por R$ 30 e R$ 15 na meia entrada. Para quem puder comprar arte, uma ótima oportunidade. As boas obras, criadas por brasileiros ou estrangeiros, costumam encontrar compradores. Há preços para bolsos largos e estreitos.

Felizmente, Fernanda Feitosa prefere fazer a reclamar.

A coluna de Paulo Lima, fundador da editora Trip, é publicada quinzenalmente