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CLÁSSICO

"O Iluminado", com Jack Nicholson (foto), é baseado em livro de Stephen King. Para o autor, as pessoas que vêem filmes aterradores gostam de "desafiar o pesadelo"

O escritor americano Stephen King é um dos autores de horror mais adaptados para o cinema. Uma dessas transposições sempre aparece entre os cinco maiores clássicos do gênero: "O Iluminado", estrelado por Jack Nicholson. É com a experiência de grande manipulador de emoções que ele afirma: "Quando sentamos nas primeiras filas do cinema para ver um filme de horror, estamos desafiando o pesadelo."

Outro mestre do gênero, Alfred Hitchcock, ia mais longe. Dizia com seu humor britânico: "O que eu faço é filantropia. Dou às pessoas o que elas querem. E elas adoram ser aterrorizadas, pagam para ter prazer com o medo." São duas explicações possíveis para a popularidade de filmes de vampiros, monstros, mortos-vivos, fantasmas, espíritos e ameaças de todas as espécies.

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Desde que o cinema começou a se aventurar no reino do medo e do sobrenatural, no início do século passado, tem sido assim. E isso explica por que, de todos os gêneros do cinema, o terror é o que mais tem festivais no mundo. A partir da quinta-feira 25 São Paulo também vai contar com o seu. Nesse dia será aberto o I Terror SP – Festival de Cinema Fantástico, que acontece nas salas do Reserva Cultural.

Com duração de uma semana, o SP Terror começa pequeno, mas ambicioso. Entre as atrações, a grande maioria inédita, estão títulos como o americano "Halloween – o Início", de Rob Zombie, refilmagem do clássico de John Carpenter sobre um psicopata encarcerado por matar familiares no Dia das Bruxas. Ele foge da prisão para ir ao encontro da irmã sobrevivente .

Outra produção aguardada vem do clima gelado da Suécia. Trata-se de "Deixe ela Entrar", de Tomas Alfredson, que acompanha a trajetória de um garoto atormentado pelos colegas de escola. Ele encontra apoio numa menina de comportamento estranho, um tipo recorrente nessas produções. Esse filme está se tornando um fenômeno de causar calafrios: foi premiado em 28 festivais, entre eles o de Sitges, na Espanha, e o de Amsterdã, na Holanda, o terceiro mais antigo do mundo, criado em 1986.

Foi como frequentadora desses eventos que a produtora cultural Betina Goldman, dona da distribuidora One Eyed Films, sediada em Londres, teve a ideia de criar o SP Terror. Representante no Exterior dos filmes de Zé do Caixão, ela conhece bem o apelo de mostras parecidas:

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"A maior parte dessa produção estava indo direto para DVD, mas sempre acreditei que existe público para ela. O público é formado por jovens informatizados e urbanos e engloba tribos diferentes como metaleiros, góticos e emos." Como os fãs, o horror também não é homogêneo. O gênero ganhou força com o expressionismo alemão, cujos diretores eram obcecados por monstros – de vampiros como Nosferatu a criaturas como Golem, ser moldado de argila por um rabino.

Depois evoluiu para as vertentes psicológicas ("Psicose"), demoníacas ("O exorcista") ou apocalípticas ("Invasores de Corpos"). Mais recentemente incluiu as metamorfoses corporais de David Cronenberg, ou o mundo do invisível de M. Night Shyamalan. Segundo Betina, o festival tentou englobar esse leque: "Vamos ter até o horror político, representado pelo filme espanhol ‘Os Aparecidos’, e a comédia de horror com a produção argentina ’36 Passos’, de Adrian Bogliano". E claro, o terror brasileiro, que tenta a todo custo se livrar da pecha de ser mesmo um horror.