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IMERSÃO MEDIEVAL
Na França, o Castelo de Guédelon, construído com técnicas do
século XIII, atrai centenas de milhares de turistas todos os anos

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Poucos projetos arquitetônicos ficaram tanto tempo engavetados quanto o da cidade-mosteiro de Saint Gallen. Quando a construção do conjunto de prédios finalmente começar, em abril de 2013, no sudoeste da Alemanha, as plantas e os manuscritos que servirão de guia para a empreitada estarão prestes a completar 1.177 anos. Deixados pelo abade Haito de Reichenau (763 d.C.-836 d.C.) como projeto da cidade-mosteiro ideal, esses documentos detalham os 52 prédios que devem integrar o complexo, estabelecem como cada um deverá ser ocupado e até sugerem um ritmo ideal de construção. Todas as orientações, asseguram os construtores contemporâneos, serão seguidas fielmente. Tão à risca que a obra só ficará pronta em 2050. “Queremos trabalhar da forma mais autêntica possível”, afirma Bert Geurten, que encabeça o projeto.

A autenticidade buscada por Geurten vai da escolha dos materiais que serão usados à raça do gado de tração no canteiro de obras. Para garantir que tudo seja como na Idade Média, um time de arqueólogos e historiadores supervisionará os 37 anos de obras. “Se todas essas condições forem atendidas, Saint Gallen deixa de ser só uma grande curiosidade para se tornar um sítio de arqueologia experimental”, afirma o arqueólogo Rodrigo da Silva. Esse ramo da ciência, presente em sítios como o de Castelo de Guédelon, na França, já ajudou a revelar o que o homem da pedra usava para amolar suas armas, como se fazia cerveja na idade do bronze e até como funcionavam as armaduras medievais.

Mas os estudiosos acham improvável que a equipe de Geurten consiga reproduzir o universo medieval. “É uma iniciativa complicada e que pode acabar resultando em nada mais que uma Disney World da Idade Média”, alerta Patrick Geary, professor de história medieval do Institute for Advanced Study, nos Estados Unidos. Para quem não é arqueólogo, essa segunda possibilidade, embora menos nobre, não é necessariamente menos interessante.  

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