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REPAGINADOS Uma paixão secreta movimenta as histórias da nova revista Luluzinha, ao estilo mangá, que a Ediouro distribui a partir de junho. O primeiro número conta com a participação da cantora Pitty

Há, segundo especialistas, uma relação direta entre a construção da identidade e os passatempos infantis. Quando a personagem Luluzinha foi criada, em 1935, as meninas eram adestradas para ser donas-de-casa. No apogeu do sucesso de seu gibi, nos anos 70 a 90, ela já tinha um perfil mais libertário: combatia o machismo elaborando mil estratégias para botar seus pezinhos no Clube do Bolinha, cujo lema era "Menina não entra". Mas nada como a passagem do tempo para nivelar os interesses. A galera cresceu e volta bem diferente na revista Luluzinha teen e sua turma (96 págs., R$ 6,40), um lançamento da Ediouro por meio do selo Pixel, que chegará às bancas no dia 5 de junho. Adolescentes, eles agora frequentam o mesmo universo e se ocupam com questões semelhantes: ficar, pegar onda, praticar skate, ir ao shopping, ser fera na internet. "A turma da Luluzinha tem todos os elementos para agradar à garotada de 10 a 15 anos, que irá se identificar", diz Daniel Stycer, editor-chefe do projeto. "E muita gente grande também vai gostar, pois mantivemos elementos básicos da versão infantil, como o bom humor, e trouxemos os personagens para a realidade de hoje." A aposta da editora é alta – investimento de R$ 1 milhão e tiragem inicial de 100 mil exemplares.

A psicanalista Maria Tereza Maldonado diz que o engessamento das características por gênero está sendo diluído, por isso a questão da turma da Luluzinha e do Bolinha pode soar tão anacrônica nos dias de hoje. "Garotos podem ser sensíveis sem que isso afete a masculinidade e as garotas podem tomar a iniciativa de um beijo, por exemplo." A carioca Carolina Viana, 13 anos, diz que "a única coisa que talvez eles ainda gostem de fazer sozinhos é jogar futebol, porque as meninas gritam muito quando estão jogando". Da mesma idade, Felipe Dumar Batista analisa sob o ponto de vista de quem admira o quadrinho. "Clube do Bolinha vai só até os oito anos. Depois a gente vai perdendo a vergonha."

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Crescidos, os personagens estão esguios nos novos traços, ao estilo mangá, da equipe da Labareda Design, de Eduardo Vieira Tavares e William Côgo, e nos modelitos da consultora de moda Glória Kalil. O roteirista Renato Fagundes transformou o antigo diário da Luluzinha num blog de verdade (www.luluteen.com.br). Cada episódio terá uma participação especial, a primeira é da cantora Pitty. E Bolinha virou "um pão" – antigo jargão para garoto bonito, sucesso até no hit "A festa do Bolinha", de Roberto e Erasmo Carlos. Ele toca guitarra, pega onda e faz sucesso com as meninas do colégio. O cabelo encaracolado de Lulu foi amansado num corte moderno e o jeitinho irado de criança não passa de um charme a mais. O motivo de tensão entre eles, agora, é a paixão secreta que Lulu sente por Bola e que ele sente por ela, mas não sabe. Coisas da idade.

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