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“O brasileiro só tem três problemas: café, almoço e jantar”
Chico Anysio

O Brasil ficou mais triste na tarde da sexta-feira 23 – e em raros momentos essa máxima foi tão literal. Morreu Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, o Chico Anysio, maior humorista brasileiro de todos os tempos, o homem que ao longo de 65 anos de carreira no rádio, no teatro, no cinema e na tevê só trouxe alegrias ao seu público. Internado devido a um sangramento no aparelho digestivo desde o dia 22 de dezembro do ano passado no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, Chico Anysio respirava com a ajuda de aparelhos e apresentou uma piora nas funções respiratórias e renais a partir da quarta-feira. Tinha 80 anos.

Com a despedida do humorista, fecha-se o grande ciclo do humor inteligente, fruto da observação e da perspicácia ao retratar a realidade política e social. Chico Anysio se desdobrou em ator, escritor, músico, poeta e pintor e sabia captar como poucos as mazelas e trejeitos do povo brasileiro e, dessa forma, dar vida a mais de 200 personagens antológicos – eles habitavam uma espécie de cidade particular, a Chico City. A incrível versatilidade se manifestou já na juventude, quando começou a trabalhar em rádio nos anos 1950, alternando funções de radialista e comentarista esportivo. Estreou na televisão em 1957, no programa “Noite de Gala”. Dois anos depois, protagonizou “Só Tem Tantã”, embrião do que viria a ser o “Chico Total”, quando lançou tipos de sucesso instantâneo, caso do ator e símbolo sexual Alberto Roberto, do vampiro brasileiro Bento Carneiro e da “amiga” do presidente João Figueiredo, Salomé. Seus bordões fazem parte do imaginário televisivo: “Afffe! Tô morta” (Painho), “É mentira, Terta?”(Pantaleão) e “Não garavo mais” (Alberto Roberto), entre tantos outros.

Cearense de Maranguape, Chico Anysio mudou-se para o Rio de Janeiro aos 8 anos. Casou-se seis vezes – há 13 anos vivia com a empresária Malga Di Paula. Deixa oito filhos, entre eles Bruno Mazzeo e Lug de Paula. Era uma das estrelas mais antigas da Rede Globo (foi contratado em 1968) e acumulava as funções de autor e diretor de seus programas: “Chico City” (de 1973 a 1980), “Chico Anysio Show” (de 1982 a 1990) e “Escolinha do Professor Raimundo” (de 1990 a 2002), de onde saiu grande parte da nova geração do humor. “Ele era um norte para nós comediantes”, disse Lúcio Mauro Filho. 

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