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Não há como escapar da cilada. Se definir Karina Buhr como cantora, compositora, poeta, percussionista, ilustradora e atriz pode ser uma perigosa redução de sua enorme amplitude criativa, dizer que essa garota nascida em Salvador e criada no Recife não cabe em nenhum rótulo pode encobrir uma maneira canhestra de rotulá-la. Mas vamos ao que interessa: Karina cria. Não copia nem arremeda.

Faz seu próprio trabalho, com personalidade, original. E isso fica claro desde o primeiro acorde de qualquer que seja a canção, composição, desenho ou CD seu que se escolha. A começar pelas capas, encartes, pela seleção dos parceiros e dos trabalhos que encara. Depois de experiências em bandas diferentes, incluindo a interessantíssima Comadre Fulozinha, grupo só de mulheres criado por ela e que conseguiu reunir fãs e elogios por todos os lados, e de uma experiência extensa no grupo de teatro de Zé Celso Martinez atuando nos palcos em produções que não economizavam em emoção, Karina partiu para seu trabalho mais autoral na música, lançando em 2010 o excelente álbum “Eu Menti pra Você”. Em cada milímetro desse trabalho, uma originalidade bruta e inquestionável vaza por todos os cantos.

“Compositora talentosa, singular, de poesia tocante. Canta bonito, escreve letras únicas, tem uma sonoridade incrível, nova, original.” Assim a define, com a propriedade de sempre, a jornalista e estudiosa da música brasileira Patricia Palumbo.

Edgard Scandurra, guitarrista consagrado e um dos parceiros musicais frequentes de Karina (inclusive em seu segundo álbum “Longe de Onde”), vai ainda mais fundo. “Quando vi pela primeira vez um show da Karina Buhr, percebi na hora que minha guitarra seria perfeita para a viagem musical que ela propunha. Seu som visceral, sem afetações nem estrelismos, com pegada rock (herança direta do pós-punk), tem muito a ver com o que penso sobre a música vista como arte e não como uma máquina comercial de fazer sucessos. Karina é uma mulher forte, agressiva em suas atitudes, mas muito doce e sentimental. Se ela se irrita com as mesmices e mediocridades do show business e da sociedade, carregando nas provocações a sua poesia, ao mesmo tempo encanta todos que a conhecem. Sinto orgulho em poder colaborar com essa artista tão humana, verdadeira e talentosa.”

O depoimento acima e a foto ao lado clicada por Christian Gaul e vista aqui em primeira mão pelos leitores de IstoÉ fazem parte do perfil da artista traçado por Bruno Torturra Nogueira para a edição de abril da revista “TPM”.

Na matéria, fica evidente também outra capacidade notável de Karina: pensar sobre o mundo de forma original como sua música e se colocar com clareza e sem medo. Em todos os sentidos, acredite: Vale ouvir Karina Buhr.

A coluna de Paulo Lima, fundador da editora Trip, é publicada quinzenalmente