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A dupla Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti vem trabalhando a interferência do público em obras cinéticas desde 2008. Mas até aqui nenhuma delas era tão dependente do corpo humano como as recentes esculturas vestíveis, “Molas”, expostas na Baró Galeria. “Em todos os nossos trabalhos a mola é um objeto recorrente, é fundamental para a ideia de movimento. Por isso começamos a pesquisar as possibilidades táteis do objeto”, explica Crescenti, que além de artista é arquiteto de formação.

O trabalho “Molas” (foto) é composto por três peças, que devem ser acopladas ao corpo do visitante: duas usadas no braço e no antebraço e a terceira no pescoço. Quando as peças são vestidas, o movimento provocado pelos aros gera diferentes sons. Esse dado torna essa obra uma escultura, além de cinética, sonora. Outra função interessante que os artistas atribuem aos objetos vestíveis é a de “joias conceituais”. Grande parte da inspiração para o projeto veio de referências da joalheria imperial chinesa e dos adereços usados por xamãs em rituais religiosos. Mas é inevitável traçar aqui uma correspondência com a história da arte contemporânea brasileira. As “Molas” parecem descender de maneira direta dos “Objetos Sensoriais” – óculos e máscaras com diferentes filtros táteis e visuais – de Lygia Clark e outras de suas experiências de arte-terapia na década de 1960. Ao vestir as esculturas, o visitante tem uma experiência não apenas tátil-visual, mas também lúdica.


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