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IGUAL A MÃE
Maria Rita selecionou 25 canções dos principais
compositores interpretados por Elis Regina

Quando Maria Rita canta os versos da canção “Saudosa Maloca”, de Adoniran Barbosa, cuja gravação ficou consagrada na voz de sua mãe, Elis Regina (1945-1982), a plateia se emociona. A voz afinada da filha se põe a serviço do sofrimento relatado na música, tal e qual a mãe fazia, em especial no refrão “Saudosa maloca, maloca querida, dim dim donde nóis passemo os dias feliz de nossas vida”. Esse é apenas um dos momentos emocionantes do show “Nivea Viva Elis”, parte de um projeto patrocinado pela famosa marca de cosméticos, que inclui documentário, livro e exposição, e marca os 30 anos da morte da cantora, completados em 19 de janeiro. O espetáculo – primeira vez em que Maria Rita interpreta (ou seria enfrenta?) o repertório da mãe – teve pré-estreia na semana passada, no Rio de Janeiro, e fará turnê gratuita em cinco capitais brasileiras, começando no sábado 24 por Porto Alegre, onde Elis nasceu. Já no início, a filha avisa: “Isso aqui é única e exclusivamente uma homenagem a essa que é, para mim, a maior cantora que o Brasil teve e jamais terá.” Nos clássicos “Fascinação”, “Como Nossos Pais” (no qual Maria Rita não conteve as lágrimas) ou “Alô, Alô, Marciano”, a identificação é tão intensa que, novamente, o público não consegue esconder a emoção.

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MODERNA
Na comemoração dos 30 anos de sua morte, Elis Regina não
é lembrada apenas como a maior intérprete que o País já teve.
Ela também é celebrada como grande descobridora de talentos
 

Idealizador do pacote de homenagens, João Marcello Bôscoli, meio irmão de Maria Rita (ele é filho de Ronaldo Bôscoli; ela e Pedro são filhos do segundo casamento da cantora, com César Camargo Mariano), diz que o interesse da família em fazer os shows gratuitos “fechou” perfeitamente com o da patrocinadora, também interessada em atingir o maior número de pessoas. Diretora de marketing da Nivea,Tatiana Ponce conta que a empresa fez pesquisas e constatou que “a admiração e o respeito tanto por Elis quanto por Maria Rita atravessam as classes sociais”. O investimento é alto, cerca de R$ 36 milhões em todo o projeto. “Queremos ser essa marca que pode fazer com que o brasileiro aumente sua cultura, tenha acesso a coisas que anteriormente não tinha”, diz Tatiana.

“As pessoas sempre me perguntam por que demorei tanto para cantar músicas da minha mãe. Mãe é mãe, né? Dá saudade”, explicou Maria Rita durante o espetáculo. A cantora selecionou 25 músicas e demonstrou segurança tanto para respeitar os limites da diferença vocal quanto para assumir a identidade entre ela e a mãe. Todos os compositores importantes na carreira de Elis estão representados, entre eles Belchior, Gilberto Gil, Chico Buarque, Edu Lobo, João Bosco e Milton Nascimento. Da plateia, Milton ouviu Maria Rita dizer que ele é uma herança de amor da mãe e a quem dedicaria três músicas – “Morro Velho”, “O Que Foi Feito Devera” e “Maria Maria”. “É uma coisa muito forte, bonita, emocionante.

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É justo que a Maria Rita, a filha, cante Elis, a grande deusa da MPB”, disse ele. Nos bastidores, brincou com João Marcello Bôscoli: “Fui babá de vocês.” João Bosco, que divide com Aldir Blanc a autoria de “O Bêbado e o Equilibrista”, também incluída na apresentação histórica, foi taxativo: “É belíssimo a Elis reviver através da Maria Rita.” Da nova geração, Maria Gadú disse que chorou quando ouviu “Águas de Março”, gravada por Elis em dueto excepcional com Tom Jobim no disco “Elis & Tom”, de 1974.

João Marcello Bôscoli afirma que a exposição terá “outra esfera emocional” porque reúne peças importantes e inéditas, como fotos, documentos, ingressos de shows e até uma gravação feita em filmadora Super 8 por uma espectadora da última apresentação que a cantora fez, em 1981, no Rio de Janeiro. Já o documentário “será um complemento da exposição, com entrevistas e depoimentos de Elis”. O livro será distribuído gratuitamente em escolas públicas e bibliotecas do País: “É didático, de referência.” João Marcello desmistifica o fato de Maria Rita nunca ter feito antes um show com músicas da mãe. Argumenta que hoje ela tem uma carreira consolidada, já ganhou prêmios, vendeu mais de um milhão de CDs, estaria livre para, enfim, encarar o desafio: “Havia um equívoco, no início, em se pensar que Maria Rita iria encarnar Elis. Isso não existe.” Após Porto Alegre, a turnê segue para Recife (1º/4), Belo Horizonte (8/4), São Paulo (22/4) e Rio de Janeiro (29/4). Como disse Tatiana Ponce, da Nivea, “é emoção à flor da pele.”

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