Durante quatro dias, entre a vida e a morte, ficou no Hospital das Clínicas de São Paulo um homem que ninguém sabia quem era – chegara lá sem documento algum, já em coma, vítima de atropelamento. No domingo 11, também em São Paulo, uma família desesperada encontrou seu ente querido que desaparecera havia quatro dias. Tratava-se do homem do hospital. Pois bem, esse homem morreu na quarta-feira 14, aos 69 anos. Chamava-se César Ades, era egípcio naturalizado brasileiro, pesquisador do Instituto de Psicologia e membro do Instituto de Estudos Avançados da USP. Mais: em todo o mundo era considerado um dos maiores especialistas em comportamento animal (dedicava-se sobretudo ao estudo das aranhas e dos macacos).